ELEIÇÕES

Ipec: Lula amplia vantagem entre jovens, mas grupo é mais suscetível a mudar de ideia

Eleitores de baixa renda e evangélicos também aparecem em maior proporção na parcela que admite a possibilidade de reconsiderar escolha

(Foto: Reprodução)

A pesquisa Ipec divulgada nesta segunda-feira mostra que 7% dos eleitores admitem a possibilidade de reconsiderar suas escolhas para a disputa entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL). Esse contingente que ainda não consolidou a opção de voto tem em sua composição uma proporção maior de eleitores jovens, de baixa renda e evangélicos, segundo informou à GloboNews a CEO do instituto, Márcia Cavallari.

Líder em intenções de voto na pesquisa geral, Lula é o favorito nos segmentos de 16 a 24 anos e também entre a parcela da população que recebe até um salário mínimo por mês. Já Bolsonaro tem apoio majoritário dos evangélicos.

Na primeira semana após a votação de 2 de outubro, o Ipec registrou distância de 15 pontos percentuais entre Lula e Bolsonaro nas intenções de voto dos eleitores mais jovens. Hoje, a vantagem do petista está em 25 pontos: o ex-presidente tem 59%, contra 34% do atual chefe do Executivo.

Lula também avançou na segunda faixa etária do levantamento, a dos brasileiros de 25 a 34 anos de idade. Em 5 de outubro, havia empate técnico entre os candidatos, com Bolsonaro numericamente à frente (49% a 46%). Agora, Lula (50%) aparece seis pontos acima do adversário (44%). A margem de erro específica desse segmento é de quatro pontos percentuais para mais ou menos. Isso significa que os dois adversários continuam tecnicamente empatados, o que não anula a constatação de que as variações nesse grupo foram favoráveis ao candidato do PT.

Na parcela de menor renda no eleitorado, Lula está 33 pontos percentuais à frente do candidato à reeleição (63% a 30%). É praticamente a mesma distância aferida no início do segundo turno, quando o placar era de 64% a 29% a favor do petista.

Já entre os evangélicos, Bolsonaro lidera nas intenções de voto, 26 pontos percentuais acima de seu adversário (60% a 34%). A vantagem do ex-presidente estava em 30 pontos no dia 5 de outubro. O candidato do PL oscilou um ponto para baixo de lá para cá, enquanto o do PT variou três pontos para cima.

Os evangélicos representam cerca de um quarto da amostra analisada pelo Ipec. Já no grupo dos que consideram mudar de ideia para a votação de domingo, a proporção de evangélicos é maior: são cerca de um terço (32%).

As campanhas de Lula e Bolsonaro mantiveram nesta reta final ações direcionadas a essa parcela do eleitorado. O petista divulgou na semana passada uma carta na qual se compromete a respeitar a liberdade religiosa. Já o atual presidente escalou a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, e a senadora eleita Damares Alves (Republicanos-DF) para fazerem uma caravana com apelo religioso por diversas cidades.

À GloboNews, Márcia Cavallari disse que movimentações nessa parcela que admite haver chances de mudar de ideia até a hora da votação podem ser decisivas.

— Os espaços para mudanças ainda existem. Para Bolsonaro, teria que haver uma melhora na avaliação do seu governo para que ele consiga transformar esse contingente de pessoas que ainda não estão totalmente decididas em votos — avalia a executiva.

A percepção positiva das pessoas em relação ao governo de Bolsonaro vinha evoluindo nas últimas semanas, enquanto a taxa de insatisfação trilhava o caminho inverso. Essa tendência foi interrompida agora, segundo os dados do Ipec: os que avaliam a gestão bolsonarista como ruim ou péssima oscilaram de 39% para 40%, enquanto os que classificam a administração como boa ou ótima variaram de 37% para 36%.

A relação entre as avaliações positivas sobre o governo e os votos em Bolsonaro é quase absoluta: 92% dos que elogiam a gestão federal declaram voto no presidente. O contrário também acontece: 92% dos críticos à atual administração afirmam que votarão em Lula no domingo.

Contratado pela TV Globo e pelo jornal “Folha de S.Paulo”, o Ipec entrevistou 3.008 eleitores de 16 anos ou mais em 183 municípios, no período de 22 a 24 de outubro. O levantamento tem margem de erro estimada em dois pontos percentuais para mais ou menos, para um nível de confiança de 95%. A pesquisa está registrada com o código BR-06043/2022 na Justiça Eleitoral.