O ex-governador e ex-prefeito de Goiânia Iris Rezende divulgou nota em resposta a uma matéria da edição desta semana da revista Época que o acusa de ter comprado uma fazenda com dinheiro recebido da construtora Odebrecht. No texto, Iris diz que as informações coletadas pela reportagem são “equivocadas e absurdas” e reitera jamais ter tido seu nome envolvido em qualquer caso de corrupção.
Confira a nota na íntegra:
Causou-me estranheza que neste momento de convulsão política diante dos inúmeros casos de corrupção desvendados pela Operação Lava Jato, a Revista Época tenha dedicado uma reportagem valendo-se apenas de ‘documentos’ de 30 anos atrás do Sistema Nacional de Informação (SNI), órgão da ditadura militar usado para vigiar políticos de oposição, para tentar atingir a mim (e a outros políticos) com informações equivocadas e absurdas.
Uma lista vazada da Operação Lava Jato recentemente alcançou mais de 300 políticos, citados como beneficiários de doações da Odebrecht. São eles quem devem explicações sobre doações ilegais ou possível recebimento de propina da empreiteira. A notória lista atingiu três políticos em Goiás. Essa é a pauta sobre a qual Época e outros veículos deveriam se debruçar.
Exerço cargos públicos desde 1959, quando fui eleito vereador em Goiânia. Nesses 57 anos fui também deputado estadual, comandei a prefeitura de Goiânia três vezes, fui governador duas vezes, senador da República e ministro da Agricultura e da Justiça. Jamais, em tempo algum, tive meu nome envolvido em casos de corrupção. Nunca fui citado em grampo telefônico, bilhete ou mesmo codinome em lista qualquer. Sempre exerci funções públicas com temor a Deus, zelo pela coisa pública e amor ao povo de Goiás.
Meu patrimônio é fruto do meu trabalho (do exercício da advocacia no período em que tive meus direitos políticos cassados pela ditadura) e parte de herança de meu pai. A propriedade rural citada na reportagem foi adquirida em 1982, portanto, antes de assumir o governo de Goiás, em 1983. Os recursos eram oriundos da venda de um frigorifico que pertencia ao meu pai, distribuído a mim e aos meus irmãos. Portanto, posso provar quantas vezes forem necessárias. E jamais possui fazenda em Cocalinho (MT), como cita equivocadamente a reportagem baseada apenas em registros de um órgão do regime militar.
É necessário ressaltar ainda que toda minha vida foi devassada pelo Ministério Público de Goiás, entre 1999 e 2004 – parte desse período sequer exercia cargo público. Durante seis anos, o MP investigou a evolução do meu patrimônio, com a quebra de meus sigilos bancário e fiscal. Ao final, o Ministério Público expediu um documento, de conhecimento público, atestando a lisura de minha conduta como homem público.
Lutei incansavelmente pelo restabelecimento da democracia no País. Defendo com ardor os valores democráticos, entre eles a liberdade de imprensa. Porém, me causa espanto e indignação que uma publicação nacional atenha-se a papeis do sombrio período da ditadura militar, no qual todos os direitos individuais foram sistematicamente atropelados e políticos de oposição perseguidos, para tentar manchar minha trajetória e me jogar nesse pântano onde encontra-se boa parte da política brasileira e, especialmente, de Goiás.
Iris Rezende Machado