Jair Renan, filho 04 de Bolsonaro, terá programa em rádio de Brasília
Jair Renan Bolsonaro, filho do presidente Jair Bolsonaro (PL), vai ter um programa semanal de rádio…
Jair Renan Bolsonaro, filho do presidente Jair Bolsonaro (PL), vai ter um programa semanal de rádio chamado Podcast Zero 4, que será transmitido pela Sucesso News Bsb. A emissora tem como um dos donos o advogado gaúcho Raul Canal, ele próprio apresentador do programa “Pampa e Cerrado” na rádio. Além disso, ele foi advogado da médica Nise Yamaguchi na CPI da Covid, no Senado.
Desde que passou a morar em Brasília, em 2019, Renan Bolsonaro busca atuar como influenciador digital nas redes sociais. Ele costuma fazer danças ao estilo TikTok, tirar fotos em frente a espelhos e postar em festas e eventos. Também costuma defender o pai e criticar adversários políticos da família Bolsonaro.
O filho 04 do presidente, como é conhecido, terá duas horas às quintas-feiras partir das às 17h para entrevistar políticos, empresários, artistas e demais convidados de seu interesse. O primeiro programa desta quinta-feira (6), contou com a presença do cantor sertanejo Dalmi Júnior, além da dupla Caio e Henrique.
Os estúdios da rádio Sucesso News Bsb ficam em um hotel de Brasília, que também abriga o escritório de advocacia de Raul Canal. Ao UOL, Raul Canal disse haver critérios para fazer um programa na rádio, como não tocar funk nem promover ações violentas ou racistas. Ele informou que Renan Bolsonaro terá o programa de escopo mais “cultural” e de forma independente.
“‘Ah, é filho do presidente’. Podia ser filho do Lula, podia ser filho do Ibaneis [Rocha, governador do Distrito Federal]. Ele é cidadão, é comunicador e quer ter um programa. A ideia é essa”, afirmou.
O diretor-geral da Sucesso News Bsb, Pedro Henrique dos Santos, disse que as conversas com Renan Bolsonaro começaram após ele ser convidado de um programa da rádio em 4 de novembro do ano passado. Desde então, passaram a discutir sobre os projetos do filho do presidente e a possibilidade de um programa próprio. “Vai ter uma pegada de podcast, de entrevista com artistas. Achamos que a visibilidade na mídia, por se tratar de uma pessoa pública, seria interessante para a empresa.”
Santos afirma que Renan recebe o mesmo tratamento dado a outros compradores de espaço na rádio, que o programa não terá viés político e que o interesse é somente comercial. Pelo contrato firmado, Renan não terá de pagar um valor fixo mensal à rádio, mas as cotas de patrocínio que conseguir para o programa devem ser repartidas meio a meio, disse. “O programa deu certo? Ele continua e paga através da repartição. O programa deu errado? Ele sai.”
O programa será ao vivo. Para se sair bem, Renan Bolsonaro já passou por um pequeno treinamento, como o de olhar para as câmeras certas —o programa também deve ser transmitido no YouTube e no Instagram.
Como advogado, Raul Canal atuou na defesa da médica Nise Yamaguchi durante depoimento dela na CPI da Covid, em junho do ano passado. Yamaguchi é uma das principais defensoras do uso da cloroquina e da hidroxicloroquina no tratamento de pacientes com Covid-19, mesmo que pesquisas já indicassem a falta de eficácia dessas substâncias contra a doença.
Ela foi convidada para depor à Comissão Parlamentar de Inquérito após seu nome ter sido citado pelo presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), Antonio Barra Torres, em depoimento aos senadores. Yamaguchi foi interrompida inúmeras vezes por parlamentares ao longo das cerca de oito horas de depoimento na CPI, o que gerou revolta em internautas nas redes sociais, dentre eles, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), outro filho do presidente.
Dias depois, a médica entrou com processo contra o presidente da CPI da Covid, Omar Aziz (PSD-AM), e o senador Otto Alencar (PSD-BA), também membro da comissão, por danos morais. Ela pede ao menos R$ 320 mil em indenização. O processo está em andamento na Justiça Federal, informou Raul.
Raul Canal é ainda presidente da Anadem (Sociedade Brasileira de Direito Médico e Bioética). Enquanto presidente da AAAPV (Agência de Autorregulamentação das Entidades de Autogestão de Planos de Proteção Contra Riscos Patrimoniais), já se encontrou com o deputado Eduardo Bolsonaro em fevereiro do ano passado para tratar de temas de interesse da entidade.
A relação de Renan Bolsonaro com empresários já foi alvo de inquérito na PF (Polícia Federal) por suposto tráfico de influência e lavagem de dinheiro. O inquérito foi aberto em março do ano passado, após pedido do Ministério Público Federal que considerou relevantes as denúncias feitas por parlamentares da oposição contra a suposta atuação de Renan Bolsonaro em favor de empresários aliados. Em dezembro do ano passado, o filho do presidente faltou ao seu depoimento à corporação policial alegando doença.