Fake News

Joice, Delegado Waldir e Gleisi são chamados pela CPI das Fake News

Depois do racha no PSL, a dupla começou a atirar contra o grupo de Jair Bolsonaro

Joice Hasselmann (Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados)

Na sua estreia na CPI das Fake News , o líder do PSL na Câmara, Eduardo Bolsonaro (SP), assistiu a mais uma derrota do governo Jair Bolsonaro no colegiado. A oposição conseguiu aprovar 66 requerimentos, entre eles convite aos deputados Delegado Waldir (PSL-GO) e Joice Hasselmann (PSL-SP) e de integrantes do governo. Junto a aliados, porém, Eduardo conseguiu impor um revés ao PT: a presidente do partido, deputada Gleisi Hoffmann (PR), acabou convocada pela comissão.

Depois do racha no PSL, Waldir e Joice começaram a atirar contra o grupo de Jair Bolsonaro. Em entrevista, Waldir prometeu “implodir” o governo. Já Joice disse que os filhos do presidente — Eduardo, o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ) e o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) —  têm assessores que usam perfis falsos na internet . Como foram convidados, Waldir e Joice não são obrigados a comparecer.

Eduardo e Flávio acompanham a sessão da CPI nesta quarta-feira. É a primeira vez do deputado na comissão, que tem sido chamada de “terceiro turno das eleições” e de “tribunal de exceção” contra Bolsonaro pelos aliados do presidente da República.

Os aliados do presidente Bolsonaro na CPI tentaram votar 96 requerimentos em bloco. Com isso, além de apreciar seus pedidos, a oposição seria obrigada a votar, no mesmo pacote, itens pedidos por parlamentares do governo, como a convocação da ex-presidente Dilma Rousseff e outras pessoas ligadas ao PT. A tentativa, no entanto, fracassou.

— Querem usar a convocação do Carlos como moeda de troca. Mas convocá-lo ou não, é indiferente para mim. Se ele vier, vai falar muitas verdades. O que se tenta aqui é minar a ascensão da direita – disse Eduardo.

O requerimento para ouvir Carlos foi apresentado ontem pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP). Ele, no entanto, não está na pauta desta reunião. Deve ser votado nas próximas semanas.

Eduardo evitou polemizar sobre a aprovação dos requerimentos para ouvir Joice e Waldir:

– Eu estou evitando dar declaração sobre colegas do meu partido, porque estou em um momento de tentar colocar panos quentes na relação. Mas são dezenas de nomes aprovados. O que acontece aqui é que o pessoal do PT faz essa aprovação em globo e tentar rejeitar nossos requerimentos, eles estão dando direcionamento político a essa CPI. Então, ela não está se prestando a elucidar fatos. Ela está construindo narrativa de que presidente Bolsonaro usou artifícios ilegais para tentar ser eleito.

A CPI convocou outros nomes que podem gerar desconforto ao governo, como o do empresário Luciano Hang, apoiador de Bolsonaro; o empresário Paulo Marinho, que também participou da campanha do presidente e é suplente de Flávio Bolsonaro; o secretário de Assuntos Internacionais do governo, Filipe Martins; o secretário de Comunicação da Presidência, Fábio Wajngarten; e blogueiros ligados ao governo, como Allan dos Santos. Estes todos são obrigados a comparecer quando os depoimentos forem marcados.

Derrota petista

Apesar da vitória, o PT não conseguiu evitar a convocação de Gleisi. Depois de aprovar o bloco com os requerimentos de interesse da oposição, a CPI passou a analisar cada um dos itens de parlamentares aliados a Bolsonaro separadamente. O primeiro, apresentado pela deputada Caroline de Toni (PSL-SC), foi a convocação da presidente do PT.

Apesar do discurso de que ouvi-la não faz parte do escopo da CPI, os petistas foram derrotados. Além de Eduardo e Flávio, o novo líder do governo no Congresso, senador Eduardo Gomes (MDB-TO), participou fortemente da articulação pela aprovação, conversando com colegas de partido.
O próximo item seria a convocação de Luiz Marinho, ex-prefeito de São Bernardo do Campo (2009-2016). Depois de ser derrotado, o PT articulou o esvaziamento da sessão, que foi encerrada por falta de quorum. Entre os itens protocolados pelo PSL que ficaram para a próxima reunião, está a convocação da ex-presidente Dilma Rousseff.