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Jornalista relata ataque de advogado de Bolsonaro: ‘Na China você desapareceria’

Felipe Santa Cruz, presidente da OAB, afirmou que acionará corregedoria para apurar o caso

Advogado de Bolsonaro entregou Rolex a Mauro Cid em encontro em hípica de São Paulo, aponta PF (Foto: Reprodução Youtube)

A jornalista Juliana Dal Piva, colunista do UOL, relatou na noite desta sexta-feira, 9, ter recebido ataques de Frederick Wassef, que se apresenta como advogado de Jair Bolsonaro e defende o senador Flávio Bolsonaro. “Lá na China você desapareceria e não iriam nem encontrar o seu corpo”, disse Wassef, em mensagem enviada pelo WhatsApp.

Dal Piva é autora de reportagem que publicou nesta semana áudios atribuídos a ex-cunhada de Jair Bolsonaro, Andrea Valle, na qual ela afirma que, quando era deputado, o atual presidente mandou demitir do gabinete assessor que não devolvia os valores exigidos.

“Você está feliz e realizada por atacar e tentar destruir o Presidente do Brasil, sua família e seu advogado?”, questionou Frederick Wassef.

Juliana Dal Piva afirmou que o departamento jurídico do UOL foi acionado para analisar o que cabe registrar de ação.

“Foi uma clara tentativa de intimidação, disse a jornalista. “Quando falei com ele na sexta passada pra pegar a posição antes da conclusão do material que publicamos essa semana ele falou comigo normalmente, como outras vezes. Hoje, no fim da tarde, veio com essa mensagem absurda.”

“Repudiamos o ataque cometido pelo advogado do presidente Jair Bolsonaro, Frederick Wassef, contra nossa colunista Juliana Dal Piva e reiteramos nosso apoio ao seu trabalho e nosso compromisso com o jornalismo sério, independente, apartidário e voltado para atender o interesse público”, afirma o jornalista Alexandre Gimenez, gerente-geral de Notícias e Entretenimento do UOL.

Repercussão

No final da noite de sexta-feira, o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, prestou solidariedade à repórter por meio de publicação em rede social e afirmou que determinaria que a corregedoria para apurar o ataque de Wassef.

A Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo), em nota, defende que sejam tomadas “medidas legais cabíveis contra Frederick Wassef e todos os que vilipendiam o trabalho essencial da imprensa”. “Esperamos que as instituições que defendem a democracia façam seu papel e resistam à destruição do espaço cívico promovida pelos autoritários de plantão e seus militantes”, continua o texto.

Por nota, Paulo Jeronimo, presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), também expressou solidariedade a Juliana Dal Piva e se colocou a disposição “para a adoção de medidas que se fizerem necessárias à sua proteção”.

A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro e a Comissão Nacional de Mulheres da Fenaj também divulgaram nota a respeito de repúdio ao caso.

“Não aceitaremos que o presidente e seus apoiadores sigam ameaçando jornalistas e colocando suas vidas em risco. Exigimos dos órgãos responsáveis imediata apuração da ameaça e proteção à jornalista”, diz o texto.

O senador Humberto Costa (PT-PE), presidente da Comissão de Direitos Humanos do Senado e membro da CPI da Covid, também cobrou apuração do caso e responsabilização criminal por meio de rede social.

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