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O vice-governador José Eliton começou, nesta quinta-feira (24/09), a pavimentar seu caminho rumo ao à disputa ao governo do estado em 2018. Em evento no Tatersal de Elite do Parque Agropecuário, em Goiânia, o ex-pepista se filiou ao PSDB na presença de membros ilustres do tucanato, como o próprio governador Marconi Perillo e o senador Aécio Neves (MG), que também é presidente da legenda a nível nacional.
A filiação já havia sido anunciada no dia 9 deste mês. Com o movimento, Eliton, que também é secretário de Desenvolvimento Econômico (SED), começa a calcar terreno dentro do novo partido em busca de sua nomeação como candidato ao Executivo estadual em 2018.
Paralelamente, o atual governador deve ampliar sua atuação a nível nacional, tendo como meta conquistar uma cadeira no Senado ou, quem sabe, uma vaga na vice-presidência da República. Uma faixa pendurada no espaço onde foi realizado o evento, com as fotos do governador e do vice, dava o tom do que deve vir pela frente: “Marconi para o Brasil, Zé Eliton para Goiás”.
Com discurso em tom de campanha, Aécio fez inúmeras exaltações a Marconi Perillo. “Hoje os goianos podem dizer com boca cheia: ‘temos o melhor governador do Brasil e um dos homens públicos mais respeitados nesse continental país’”, afirmou. Ao pontuar seu agradecimento ao povo goiano por ter concedido a ele 57,1% de preferência na disputa com Dilma Rousseff no segundo turno da última eleição, o senador chamou o estado de “solo sagrado” e de “irmão de Minas Gerais”.
Aécio também não poupou fogo contra a atual presidente: “O Brasil tem hoje uma presidente da República sitiada no Palácio do governo que distribui cargos públicos como se fossem de sua propriedade pessoal”, criticou, fazendo referência às negociações de Dilma com o PMDB de conceder ministérios em troca do apoio político do (cada vez menos) aliado. “Nós temos uma tarefa extraordinária pela frente: continuar pregando e praticando a boa política e dizendo, mesmo para aquele mais desalentado, que o Brasil tem jeito, sim, e a hora da mudança do Brasil está chegando. Chegará na hora que a verdade substituir a mentira e a competência substituir essa incomeptência crônica com a qual o Brasil vem sendo conduzido nos últimos anos”, disparou o senador.
Para Marconi, a presença de Aécio no evento representa o respaldo da direção da legenda ao trabalho que vem sendo conduzido em Goiás. Chamando Eliton de “irmão”, Marconi frisou que o vice-governador “é o homem preparado para o seu tempo”. “É o homem que está me ajudando a enfrentar todas as dificuldades, todas as limitações provocadas pela maior crise econômica, política, ética e moral da história do Brasil.”
José Eliton saudou a presença de líderes de diversos partidos aliados ao governo estadual classificando-os como “a base mais forte do Brasil”. Ele arrancou aplausos da militância ao afirmar que nas eleições municipais de 2016 pretende construir um projeto sólido junto aos companheiros do interior e “caminhar rua a rua e bairro a bairro” de cada município.
O neotucano ressaltou ter orgulho de estar no partido do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e declarou que vai estar na luta para que Aécio ajude o país a encontrar “o caminho do desenvolvimento, da moralidade e da ética”. “Hoje assistimos a um partido destruindo as conquistas PSDB construiu para o Brasil.”
O ingresso de Eliton à legenda de Marconi denota a sintonia entre ambos, que venceram juntos as eleições ao governo estadual de 2010 e de 2014. De lá para cá, o vice-governador passou do DEM para o PP – do qual foi presidente – até chegar, agora, ao ninho tucano.
O PP só não fica desfalcado com a saída de Eliton porque, no dia 14 deste mês, foi a vez do senador Wilder Morais deixar o DEM para se filiar ao partido então presidido por Eliton. A mudança foi crucial para que o PP pudesse se tornar a quinta maior bancada do Senado, dividindo o posto com PDT, ambos com seis parlamentares cada. O DEM, por sua vez, passou a dividir a colocação de sétima maior bancada com o PR e o PSD.
Além de Eliton, durante o evento desta quinta-feira também se filiaram ao PSDB prefeitos, vice-prefeitos e vereadores, além de dirigentes de órgãos públicos e outras autoridades. Um dos ingressos mais notáveis é o do ex-PMDB Frederico Jayme, que em 2014, mesmo estando na sigla de Iris Rezende, fez parte da coordenação da campanha à reeleição de Marconi.
Outra filiação importante e bastante badalada foi a do vereador Tayrone di Martino, egresso do PT. Ele chegou a disputar a vice-governadoria do estado em 2014 – contra Marconi e José Eliton – em uma chapa pura de seu então partido, mas renunciou à disputa num ato considerado como de traição por alguns petistas. Após embates com o prefeito Paulo Garcia e seus representantes na Câmara Municipal, ele foi expulso do partido em setembro do ano passado e, agora, se filia oficialmente ao PSDB.
Em seu discurso, representando todos os vereadores de partidos aliados a Marconi, Tayrone afirmou que “sempre buscou um sonho” e o objetivo de construir um país melhor. Sem dar nomes aos bois, o vereador deixou implícito que essa busca acabou levando-o ao PT. “Mas hoje eu sei que a realidade é completamente diferente, e eu acredito naquilo que é executado, não naquilo que é falado”, disse. O ex-petista declarou entrar na nova sigla “como um soldado” e que vai continuar lutando contra “abusos de impostos, não só na esfera municipal, como também na federal”.