Jovem é morta a facadas dois dias após pedir medida protetiva contra o ex em BH
O crime ocorreu na casa da jovem, na região do Barreiro, em Belo Horizonte
Um tatuador foi preso em flagrante num motel nesta sexta-feira (5) sob a suspeita de ter matado a facadas a ex-namorada Emily Luíza Ferretti Fernandes, 25, na casa da jovem na região do Barreiro, em Belo Horizonte, no dia anterior.
Segundo a Polícia Civil de Minas Gerais, Thales Thomás do Vale, 29, foi indiciado por homicídio qualificado por feminicídio, motivo fútil, meio cruel e sem chance de defesa da vítima. Também foi autuado pela tentativa de homicídio do irmão dela.
Questionado pela imprensa se estava arrependido enquanto era direcionado a uma viatura da Polícia Militar, ele respondeu “tô” e em seguida afirmou que “foi covarde”. A investigação segue em andamento pelo Núcleo Especializado de Feminicídio.
Testemunhas contaram à polícia que Emily Luíza estava em casa com a mãe e o irmão de 16 anos na última quinta (4) quando Thales entrou pelo portão, que estava destrancado, para pedir desculpas à ex-namorada. Ela não aceitou e foi atacada por ele.
O adolescente tentou pegar um pedaço de pau para defender a irmã, mas, quando voltou, viu que o tatuador estava desferindo golpes de faca contra a jovem. Ela foi levada por policiais militares ao hospital Júlia Kubitschek, mas não resistiu aos ferimentos. O irmão também foi atingido e precisou de atendimento.
Emily Luíza já havia procurado a Polícia Civil duas vezes para prestar queixa e pedir medida protetiva contra o ex-namorado, uma delas dois dias antes de morrer.
A corporação confirmou que a solicitação foi encaminhada à Justiça. O Tribunal de Justiça, por sua vez, afirmou que não localizou registros com os nomes dos envolvidos e que os processos de feminicídio correm sob sigilo e, por isso, podem estar ocultos no sistema.
A primeira denúncia foi feita em 30 de junho, quando a jovem procurou a Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher para denunciar o ex sobre a publicação de fotos íntimas e ameaças. “Na oportunidade também foi solicitada medida protetiva de urgência”, diz o órgão.
Ele teria criado um perfil fake no Instagram, adicionado os familiares da jovem e encaminhado as imagens, segundo o site G1. Já na última terça (2), diz o portal, Emily voltou à delegacia para dizer que Thales jogou um telefone e um celular contra ela após uma briga motivada por ciúmes.
Quando ela se levantou para ir embora, ele a puxou pelo pescoço e pelo braço e a jogou na cama. Depois, os avós do tatuador tentaram cessar a briga e a levaram até o portão, mas ele ainda a jogou no chão e lhe arrastou tentando puxar seu relógio, conforme a ocorrência.
A Lei Maria da Penha estabelece que, após o registro por violência doméstica, o caso deve ser remetido ao juiz em, no máximo, 48 horas. A Justiça terá outras 48 horas para analisar e julgar a concessão das medidas protetivas de urgência, se for o caso.
Thales morava nos Estados Unidos e estava de passagem pelo Brasil. Familiares e amigos contaram ao jornal Estado de Minas que o relacionamento começou pela internet e durou alguns meses, mas o tatuador se mostrou possessivo e abusivo e ela decidiu terminar, então começaram as ameaças.