Jovem jogado de ponte por policial não tem ficha criminal e trabalha como entregador
'Gostaria de uma explicação', diz o pai de Marcelo
O mecânico Antônio Donizete do Amaral, pai do jovem que foi jogado por um policial de uma ponte em um córrego na Cidade Ademar, em São Paulo, quer que a Polícia Militar explique o que aconteceu. Em entrevista à TV Globo, Antônio contou ainda que o filho, que se chama Marcelo e tem 25 anos, sobreviveu à queda e está bem. Marcelo trabalha como entregador e não tem ficha criminal.
“Ele está bem, mas não conseguimos falar com ele. É inadmissível, não existe isso aí. A polícia está aí para fazer a defesa da população, não fazer o que fez. Trabalhador, menino que sempre correu atrás do que é dele. Não tem envolvimento, passagem (pela polícia), não tem nada. Eu gostaria de uma explicação desse policial”, disse o mecânico.
O vídeo gravado por testemunhas mostra três PMs em uma ponte. Um deles encosta uma moto na mureta após uma abordagem, e outro segura pelas costas um homem com camiseta azul. De repente, o PM levanta o rapaz pelas pernas e o joga no córrego.
O Jornal Nacional informou que a vítima feriu o rosto na queda e foi levado para o hospital depois de ser socorrido por moradores de rua que estavam embaixo da ponte.
A Secretaria de Segurança Pública afastou 13 PMs envolvidos na ação, que estariam dispersando um baile funk nas proximidades. O prefeito Tarcísio afirmou que “aquele que atira pelas costas, aquele que chega ao absurdo de jogar uma pessoa de uma ponte, evidentemente não está à altura de usar essa farda”.
O Secretário de Segurança Pública, Derrite divulgou um vídeo dizendo que a ação na ponte “não encontra respaldo nos procedimentos operacionais” e “ações isoladas não podem denegrir a imagem” da PM.
As imagens do policial jogando o jovem da ponte foram classificadas como “estarrecedoras e absolutamente inadmissíveis” pelo procurador-geral de Justiça, Paulo Sérgio de Oliveira e Costa, que determinou que o Grupo de Atuação Especializada em Segurança Pública (Gaesp) do Ministério Público acompanhe o caso.
De 1º de janeiro até 29 de novembro, São Paulo teve 697 mortes decorrentes de intervenção de PMs, contra 460 em todo o ano passado, segundo o Gaesp. O aumento foi de 51%. Desse total, 595 foram cometidas por policiais em serviço e 102 por agentes de folga. Somadas as mortes por policiais civis, o estado conta 768 casos, uma alta de 66% sobre os dez primeiros meses de 2023. Em relação a todo o ano passado, a alta é de 42%.
- Caso do PM que jogou jovem da ponte: 13 policiais são afastados