LIBERADO POR FALTA DE PROVAS

Jovem negro é preso e ouve: “Vai gritar Lula lá na África”, em Novo Gama; vídeo

Secretário de Segurança Pública de Novo Gama negou que a frase de cunho racista tenha partido da GCM ou da PM

'Não vou admitir', diz homem negro preso por PM sob gritos de 'vai gritar Lula na África' (Foto: Divulgação - PM)

Um vídeo que circula nas redes sociais mostra o momento em que um jovem negro é preso, na cidade de Novo Gama, no Entorno do Distrito Federal. Enquanto é algemado por policiais militares e escoltado por guardas civis, o jovem escuta a frase: “Vai gritar Lula lá na África”. Caso aconteceu no último domingo (2), dia das eleições, no Residencial Brasília.

O secretário de Segurança Pública de Novo Gama, Jesson Rodrigues Ferreira, explicou ao Mais Goiás que a Guarda Civil foi acionada para reforçar uma possível ocorrência de boca de urna. Ele afirma que o rapaz estava com um grupo de pessoas próximos a zona de votação, que gritavam palavras de apoio a algum candidato.

Apesar de haver um grupo, somente o jovem negro foi detido. Enquanto era algemado, é possível ouvir a frase direcionada a ele: “Vai gritar Lula lá na África”. Por esse motivo, acredita-se que o jovem gritava apoio ao candidato à presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, do PT.

A pessoa que grava a situação chega a dizer que o rapaz estava sendo preso por ser eleitor do Lula e nega envolvimento de outras pessoas na situação. “Foi preso molequinho. Só ele mesmo, porque ninguém entra dentro da casa dele não. Olha aí como é que é, o cara foi preso por votar no Bolsonaro….no Lula. Bagulho aqui é doido”, diz no vídeo.

Segundo o secretário, o jovem chegou a ser levado para o 19° Batalhão da PM. Lá, ‘uma apuração minuciosa foi feita’ e, chegou-se a conclusão de que não haviam elementos suficientes para prender o rapaz. Isso porque, não havia sido registrado nenhum documento gráfico que comprovasse a suposta boca de urna cometida por ele.

Sendo assim, os policiais foram orientados e liberar o rapaz e, inclusive, afirmam tê-lo levado em casa. A situação nem mesmo chegou a ser registrada como boletim de ocorrência e, por esse motivo, o Mais Goiás não conseguiu localizar nome e idade do jovem.

Jesson diz que acompanha o caso e negou que a frase de cunho racista tenha partido da GCM ou da PM. Em uma nota oficial de esclarecimento, ele afirma que “após análise criteriosa, não foi possível identificar quem pronunciou as palavras discriminatórias, se foram verbalizadas por alguma autoridade ou por terceiros que acompanharam a ocorrência”.

O caso não foi registrado junto à Polícia Civil. Já a Polícia Militar, disse que afastou o policial militar das suas atividades operacionais enquanto apura o caso.

“Assim que tomou conhecimento do fato, a Polícia Militar determinou a abertura de um Procedimento Administrativo para apurar circunstância do caso e afastou o policial militar das suas atividades operacionais até o final das apurações. A Polícia Militar de Goiás reitera que não compactua com nenhum tipo de conduta contrária aos preceitos das leis”, disse a PM, em nota.

Em nota, o diretório estadual do Partido dos Trabalhadores (PT) se manifestou sobre a situação e exigiu apuração por parte do governo de Goiás. “Não vamos permitir intimidação, perseguição política e policial aos apoiadores do Lula em Goiás. Vivemos num estado democrático de direito e exigimos respeito à liberdade de escolha e expressão da população. A juventude quer viver e quer ser respeitada”, afirmou.