Justiça eleitoral

Justiça manda suspender rede social de frigorífico pró-Bolsonaro em Goiás

O Tribunal Regional Eleitoral em Goiás determinou, na noite deste sábado (29), a suspensão do…

O Tribunal Regional Eleitoral em Goiás determinou, na noite deste sábado (29), a suspensão do perfil do Frigorífico Goiás no Instagram. A empresa é suspeita de insistir na prática de crimes de abuso do poder econômico e propaganda eleitoral irregular por vender carne a R$ 22, em apoio à candidatura do presidente Jair Bolsonaro (PL).

O estabelecimento vendeu o quilo da “picanha mito” pelo mesmo valor no dia 2 de outubro, data do primeiro turno, mas horas depois a Justiça mandou suspender a promoção. Mesmo assim, de acordo com a Procuradoria Regional Eleitoral no estado, a empresa continuou a praticar crime eleitoral com a ação promocional.

A reportagem não conseguiu localizar representantes do frigorífico ou advogados da empresa na noite deste sábado.

A recente decisão, proferida pelo juiz Wilton Müller Salomão, atendeu à manifestação da procuradoria e ao pedido da Federação Brasil da Esperança (PT/PC DO B/PV). Os procuradores José Ricardo Teixeira Alves, Rafael Paula Parreira Costa e Svamer Adriano Cordeiro juntaram fotos da rede social do frigorífico para comprovar as irregularidades.

Em uma das publicações no Instagram, o frigorífico anuncia “promoção das galáxias”. “Dois Patinhos por apenas R$ 22”, diz o anúncio, que também mostra uma faca com o nome Bolsonaro em relevo.

A Procuradoria quer combater qualquer tipo de propaganda irregular que tenha referência aos nomes mito e Bolsonaro ou ao número 22.

Outro anúncio oferece oferta de mais carne pelo mesmo valor. “Trem bom é coisa boa. Costela de janela Black Angus R$ 22 Kg”, afirma.

O estabelecimento ainda faz promoção na venda de carvão para propagar o número do presidente nas urnas. “Na compra de qualquer kit churrasco ou picanha mito, o carvão sai a 22 centavos”.

Multa de R$ 100 mil por hora

No perfil do frigorífico no Instagram, também há fotos de carnes ao lado de armas de fogo, que se transformaram em um dos símbolos mais usados pelos apoiadores do presidente e até estimulado por ele em gestos durante a campanha Brasil afora. O frigorífico exibe ainda na rede social facas com o nome de Bolsonaro.

Segundo os procuradores, os produtos ainda são vendidos “com preços abaixo do mercado e associação a candidato do número 22, cujo nome se acha inscrito numa faca ao lado de pedaços da carne nobre e uma arma tipo metralhadora ou fuzil, além de portar referência às páginas do candidato e sua esposa no Instagram”.

Ao analisar o conteúdo, o juiz confirmou a continuidade dos possíveis crimes eleitorais. “Verifiquei nova divulgação e/ou realização de prática comercial pela Casa de Carnes Frigorífico Goiás em possível abuso de poder econômico em detrimento da isonomia entre os candidatos no processo político-eleitoral, acarretando o descumprimento da decisão [anterior]”, escreveu.

Na decisão, o juiz também mandou o Frigorífico Goiás parar de praticar qualquer ato comercial em seu estabelecimento ou na internet, utilizando-se da divulgação de preços de mercadorias ou por qualquer outra forma que tenha a finalidade de promover, ainda que disfarçadamente, candidatura nas eleições de 2022.

O magistrado também determinou multa de R$ 100 mil por hora de descumprimento.