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‘Kids pretos’: veja a origem do apelido dado aos militares de operações especiais

Agentes são treinados para atuar em missões sigilosas

A Polícia Federal investiga se integrantes das Forças Especiais do Exército, os “kids pretos”, usaram técnicas militares para incitar a tentativa de golpe de Estado no país e criar um plano para matar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O apelido, segundo o Exército, é um nome informal atribuído aos militares de operações especiais, por usarem um gorro preto. O termo também consta nos livros de história militar e é empregado em referência ao codinome do comandante da unidade que combateu guerrilheiros do Araguaia.

Há requisitos para integrar as forças especiais. O primeiro deles é ser sargento ou oficial, e fazer cursos de paraquedista pelo período de seis semanas. A etapa mais dura da preparação, no entanto, é a instrução sobre “ações de comandos”, que dura quatro meses.

Um exercício comum no treinamento dos “kids pretos” é ficar em ambientes fechados com gás lacrimogêneo sem máscara. Restrições de sono e de alimentação também integram a rotina, além de testes físicos.

A terceira fase de treinamentos consiste no foco estratégico. Nesta fase da preparação, que leva cinco meses, os militares podem fazer exercícios como a infiltração em outro estado por meio de salto de paraquedas para, em simulações, cumprir determinada missão, como o resgate de um refém.

— Fazemos adaptação em todos os ambientes. É uma tropa altamente preparada — afirma o coronel da reserva Roberto Criscuoli, ex-subcomandante do Batalhão de Forças Especiais.

Segundo oficial, um membro deste grupo consegue capacitar uma tropa convencional para tarefas de alto grau de complexidade. A investigação da PF apreendeu uma mensagem dizendo que integrantes das forças especiais têm “capacidade de organizar, desenvolver, instruir, equipar e operar 1.500 homens”.

‘Kids pretos’ são treinados para atuar em missões sigilosas

Os “kids pretos” também já atuaram em operações de grande porte, como a missão no Haiti, e eventos como a Copa do Mundo — neste último caso, dedicados a evitar ataques terroristas. O efetivo é reduzido: a maioria fica no 1º Batalhão de Forças Especiais, em Goiânia.

A quantidade exata de “kids pretos” não é informada oficialmente pelo Exército, mas estimativas apontam para 400 militares. Há, ainda, a 3ª Companhia de Forças Especiais, em Manaus, com cerca de 150 integrantes.

— O treinamento é voltado para agir em situações em que se está relativamente desplugado da cadeia de comando. Isso é feito para ações camufladas, sigilosas, e que exigem, por exemplo, um alto grau de infiltração, com técnicas de inteligência militar e operações psicológicas — diz o professor da UFSCar Piero Leirner.

Em relatório, a PF afirmou que houve um “planejamento minucioso para utilizar, contra o próprio Estado brasileiro, as técnicas militares para a consumação do golpe de Estado”.

“Houve por parte do grupo criminoso organização de encontro específico na tentativa de arregimentar militares com curso de Forças Especiais, que, segundo a Polícia Federal, coadunados com os intentos golpistas, dariam suporte às medidas necessárias para tentar impedir a posse do governo eleito e restringir o exercício do Poder Judiciário”, afirmou o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), na decisão que autorizou a operação contra Bolsonaro e aliados.

*VIA O GLOBO