Lava Jato cobra US$ 10 milhões de Cláudia Cruz e mais três pessoas
Indenização se refere ao pagamento de propina total da compra de um campo de petróleo na África pela Petrobrás
O Ministério Público Federal pediu à Justiça que fixe em US$ 10 milhões (R$ 36 milhões) o montante mínimo para reparação dos danos causados à Petrobras por Cláudia Cruz, mulher do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), pelo ex-diretor da área Internacional da estatal Jorge Zelada, o operador de propinas do PMDB João Henrique Areias e o empresário português Idalecio Oliveira. Cláudia Cruz e os outros três acusados se tornaram réus em ação penal na Operação Lava Jato nesta quinta-feira (9).
A mulher de Eduardo Cunha é acusada de lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Os investigadores descobriram que ela gastou quase US$ 1 milhão no exterior em compras de artigos de luxo, desde sapatos e bolsas até roupas e refeições em restaurantes de alto padrão em Milão, Lisboa, Paris e Dubai.
O dinheiro que permitiu a Cláudia temporadas de conforto e prazer no exterior teve origem em propinas que seu marido recebeu no esquema Petrobras, segundo a força-tarefa da Lava Jato.
A Procuradoria acusa Jorge Zelada por corrupção passiva. João Augusto Rezende Henriques foi denunciado por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Idalecio Oliveira é réu por corrupção ativa e lavagem de dinheiro, envolvendo valores do esquema de corrupção instalado na Diretoria Internacional da Petrobras.
Os US$ 10 milhões de indenização se referem ao pagamento de propina total para que a compra, pela estatal petrolífera, de um campo de petróleo na África fosse concretizada, em 2011. O negócio foi fechado em US$ 34,5 milhões. Quase um terço do valor total foi destinado a pagamento de propina, segundo a Procuradoria da República.
Defesas
“Claudia Cruz responderá às imputações como fez até o momento, colaborando com a Justiça e entregando os documentos necessários à apuração dos fatos”, afirma a defesa da mulher de Cunha. “(Ela) destaca que não tem qualquer relação com atos de corrupção ou de lavagem de dinheiro, não conhece os demais denunciados e jamais participou ou presenciou negociações ilícitas”, diz a nota.
Cunha também defendeu-se por meio de nota: “Trata-se de procedimento desmembrado do inquérito 4146 do STF, em que foi apresentada a denúncia, pelo Procurador Geral da República, ainda não apreciada pelo Supremo”.
“Foi oferecida a denúncia do Juízo de 1º Grau, em que o rito é diferenciado, com recebimento preliminar de denúncia, abertura de prazo para defesa em dez dias e posterior decisão sobre a manutenção ou não do seu recebimento. O desmembramento da denúncia foi alvo de recursos e reclamação ainda não julgados pelo STF que, se providos, farão retornar esse processo do STF”.
“Independente do aguardo do julgamento do STF, será oferecida a defesa após a notificação, com certeza de que os argumentos da defesa serão acolhidos. Minha esposa possuía conta no exterior dentro das normas da legislação brasileira, declaradas às autoridades competentes no momento obrigatório, e a origem dos recursos nela depositados em nada tem a ver com quaisquer recursos ilícitos ou recebimento de vantagem indevida”, finaliza a nota.