CPI DA COVID

Luciano Hang chama Kajuru de “cara de pau” em depoimento na CPI

Empresário criticou senador de Goiás no momento em que falava de gastos da Havan com publicidade

Luciano Hang chama Kajuru de "cara de pau" em depoimento na CPI (Foto: Reprodução - TV Senado)

Em depoimento que acontece nesta quarta-feira à CPI da Covid do Senado, o empresário Luciano Hang, dono da Havan, chamou de “cara de pau” o senador Jorge Kajuru (Podemos).

“Kajuru disse esses dias para trás, na primeira vez em que a CPI me mencionou, que ele… pô, mas quem é esse Hang, Gang…ele cresceu a Havan durante o governo do Bolsonaro…Como se ele não me conhecesse. Eu quero mostrar para o Brasil uma correspondência do senhor Kajuru pedindo patrocínio para Havan no dia 3 de setembro de 2019. Olha só a cara de pau. Ligou para mim, pediu patrocínio, e o meu departamento de marketing não deu o patrocínio”, disse Luciano.

O empresário prestava informações a respeito dos gastos com publicidade, que suspeita-se estar associados com a disseminação de notícias falsas. Hang confirmou a informação de que investiu mais de R$ 250 milhões nos últimos meses em publicidade.

Kajuru diz que Bolsonaro manda em Luiz do Carmo e Vanderlan sobre indicação ao STF
Senador Jorge Kajuru, criticado por Luciano Hang na CPI da Covid (Foto: Agência Senado)

Luciano Hang não assina compromisso com a verdade

Embora tenha dito que iria depor à CPI da Covid com o coração aberto nesta quarta-feira (29), o dono da Havan negou-se a assinar o compromisso de dizer apenas a verdade na CPI. Hang é investigado por suspeita de financiar a divulgação de notícias falsas para ajudar a narrativa do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

“Hoje aqui estou sozinho, como um brasileiro normal. Um comerciante. Mas eu tenho a certeza que eu estou com Deus e com milhões de brasileiros que querem um Brasil melhor. E é por isso que eu me tornei, em 5 de janeiro de 2018, uma Ticiana política. Não sou político, não tenho político de estimação. O que eu quero é um país cada vez melhor”, afirmou.

Hang chegou ao Senado cercado por parlamentares que apoiam o governo Bolsonaro. Alguns de seus defensores utilizaram camisetas das lojas Havan. O empresário tentou entrar no Congresso com as algemas que ele exibiu nas redes sociais, na segunda-feira. Há dois dias, ele disse que havia adquirido as algemas para o caso de os senadores quererem prendê-lo durante o seu depoimento.

O empresário também é acusado de adulterar o atestado de óbito da própria mãe, Regina Hang, que morreu em função de complicações decorrentes da covid-19. O atestado dela diz que a morte dela decorreu disfunção múltipla de órgãos, choque distributivo refratário, insuficiência renal crônica agudizada, pneumonia bacteriana, síndrome metabólica e acidente vascular cerebral isquêmico prévio. Mas, nas redes sociais, o próprio Luciano Hang disse que ela morreu de covid-19.

O que estaria por trás da adulteração do atestado seria o tratamento ao qual Regina teria sido submetido, à base de medicamentos comprovadamente ineficazes no combate à coronavírus, como a hidroxicloroquina.

Luciano Hang confirma contas no exterior, mas nega financiar fake news

Hang afirmou que nunca financiou a disseminação de fake news e também que não é negacionista em assuntos relativos à pandemia do novo coronavírus.

“Nunca financiei fake news e não sou negacionista”, afirmou.

Os membros da comissão afirmam ter em mãos documentos que mostram a atuação financeira do empresário para bancar grupos que espalham fake news nas redes sociais.

O empresário, em resposta ao relator Renan Calheiros (MDB-AL), confirmou que tem contas no exterior.

“Temos contas no exterior, offshore no exterior, devem ser duas ou três, todas declaradas na receita federal”, afirmou.

O presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM), afirmou que a comissão “tem indícios que vossa senhoria usa suas contas no exterior para financiar fake news”.