Luciano Hang explica por que é “véio da Havan” e nega disparo de fake news
Em depoimento que acontece nessa quarta-feira (1º) à CPI da Covid, o empresário Luciano Hang,…
Em depoimento que acontece nessa quarta-feira (1º) à CPI da Covid, o empresário Luciano Hang, dono da Havan, disse aos senadores que não procede a acusação de que ele comandou um grupo de disparo de fake news no Whatsapp que teria beneficiado a postulação do então candidato a presidente Jair Bolsonaro (sem partido), em 2018. Hang afirma que não domina a tecnologia necessária ao disparo de notícias nas redes sociais e que é por isso que ele é chamado de “véio da Havan”.
A declaração foi dada em resposta ao relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL), que questionou a sua eventual participação no crime. “Zero participação. Inclusive ganhamos ação do jornal Folha de S. Paulo, que fez uma fake news contra nós e quase derrubou as eleições dizendo que nós tínhamos impulsionado o Whatsapp. Na época, quando fizeram entrevista comigo, eu disse: ‘nem sei o que é isso. Eu sou chamado de véio da Havan’ porque tem certas coisas que eu realmente não sei. Fizeram fake news e até hoje não comprovaram”, disse Hang.
O comentário suscitou a curiosidade do presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM): “O senhor é chamado de velho porque não sabe de nada, então?”. O empresário confirmou: “Nada de tecnologia, senador. Eu nem sabia que existia o impulsionamento de Whatsapp e fui pego de surpresa nesse negócio”.
Renan e outros senadores presentes na sessão reafirmaram a existência de indícios de que offshores do empresário – uma delas sediada no Caribe – financiaram o disparo de fake news nas eleições de 2018. O próprio Luciano Hang confirma que é dono das offshores, mas nega que elas tenham financiado atividades ilícitas no âmbito eleitoral.
Luciano Hang chamou senador Kajuru de “cara de pau”
Em outro momento do depoimento, o dono da Havan chamou de “cara de pau” o senador Jorge Kajuru (Podemos).
“Kajuru disse esses dias para trás, na primeira vez em que a CPI me mencionou, que ele… pô, mas quem é esse Hang, Gang…ele cresceu a Havan durante o governo do Bolsonaro…Como se ele não me conhecesse. Eu quero mostrar para o Brasil uma correspondência do senhor Kajuru pedindo patrocínio para Havan no dia 3 de setembro de 2019. Olha só a cara de pau. Ligou para mim, pediu patrocínio, e o meu departamento de marketing não deu o patrocínio”, disse Luciano.
O empresário prestava informações a respeito dos gastos com publicidade, que suspeita-se estar associados com a disseminação de notícias falsas. Hang confirmou a informação de que investiu mais de R$ 250 milhões nos últimos meses em publicidade.
Luciano Hang não assina compromisso com a verdade
Embora tenha dito que iria depor à CPI da Covid com o coração aberto nesta quarta-feira (29), o dono da Havan negou-se a assinar o compromisso de dizer apenas a verdade na CPI. Hang é investigado por suspeita de financiar a divulgação de notícias falsas para ajudar a narrativa do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
“Hoje aqui estou sozinho, como um brasileiro normal. Um comerciante. Mas eu tenho a certeza que eu estou com Deus e com milhões de brasileiros que querem um Brasil melhor. E é por isso que eu me tornei, em 5 de janeiro de 2018, uma Ticiana política. Não sou político, não tenho político de estimação. O que eu quero é um país cada vez melhor”, afirmou.
Hang chegou ao Senado cercado por parlamentares que apoiam o governo Bolsonaro. Alguns de seus defensores utilizaram camisetas das lojas Havan. O empresário tentou entrar no Congresso com as algemas que ele exibiu nas redes sociais, na segunda-feira. Há dois dias, ele disse que havia adquirido as algemas para o caso de os senadores quererem prendê-lo durante o seu depoimento.
O empresário também é acusado de adulterar o atestado de óbito da própria mãe, Regina Hang, que morreu em função de complicações decorrentes da covid-19. O atestado dela diz que a morte dela decorreu disfunção múltipla de órgãos, choque distributivo refratário, insuficiência renal crônica agudizada, pneumonia bacteriana, síndrome metabólica e acidente vascular cerebral isquêmico prévio. Mas, nas redes sociais, o próprio Luciano Hang disse que ela morreu de covid-19.
O que estaria por trás da adulteração do atestado seria o tratamento ao qual Regina teria sido submetido, à base de medicamentos comprovadamente ineficazes no combate à coronavírus, como a hidroxicloroquina.