Luciano Hang se nega a assinar compromisso de dizer a verdade na CPI da Covid
Empresário admitiu ter contas no exterior, mas nega ter financiado disseminação de fake news
Embora tenha dito que iria depor à CPI da Covid com o coração aberto nesta quarta-feira (29), o empresário Luciano Hang, dono da Havan, negou-se a assinar o compromisso de dizer apenas a verdade na CPI. Hang é investigado por suspeita de financiar a divulgação de notícias falsas para ajudar a narrativa do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
“Hoje aqui estou sozinho, como um brasileiro normal. Um comerciante. Mas eu tenho a certeza que eu estou com Deus e com milhões de brasileiros que querem um Brasil melhor. E é por isso que eu me tornei, em 5 de janeiro de 2018, uma Ticiana política. Não sou político, não tenho político de estimação. O que eu quero é um país cada vez melhor”, afirmou.
Hang chegou ao Senado cercado por parlamentares que apoiam o governo Bolsonaro. Alguns de seus defensores utilizaram camisetas das lojas Havan. O empresário tentou entrar no Congresso com as algemas que ele exibiu nas redes sociais, na segunda-feira. Há dois dias, ele disse que havia adquirido as algemas para o caso de os senadores quererem prendê-lo durante o seu depoimento.
O empresário também é acusado de adulterar o atestado de óbito da própria mãe, Regina Hang, que morreu em função de complicações decorrentes da covid-19. O atestado dela diz que a morte dela decorreu disfunção múltipla de órgãos, choque distributivo refratário, insuficiência renal crônica agudizada, pneumonia bacteriana, síndrome metabólica e acidente vascular cerebral isquêmico prévio. Mas, nas redes sociais, o próprio Luciano Hang disse que ela morreu de covid-19.
O que estaria por trás da adulteração do atestado seria o tratamento ao qual Regina teria sido submetido, à base de medicamentos comprovadamente ineficazes no combate à coronavírus, como a hidroxicloroquina.
Luciano Hang confirma contas no exterior, mas nega financiar fake news
Hang afirmou que nunca financiou a disseminação de fake news e também que não é negacionista em assuntos relativos à pandemia do novo coronavírus.
“Nunca financiei fake news e não sou negacionista”, afirmou.
Os membros da comissão afirmam ter em mãos documentos que mostram a atuação financeira do empresário para bancar grupos que espalham fake news nas redes sociais.
O empresário, em resposta ao relator Renan Calheiros (MDB-AL), confirmou que tem contas no exterior.
“Temos contas no exterior, offshore no exterior, devem ser duas ou três, todas declaradas na receita federal”, afirmou.
O presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM), afirmou que a comissão “tem indícios que vossa senhoria usa suas contas no exterior para financiar fake news”.