O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai intensificar, a partir desta quarta-feira, a preparação para o debate da Globo, o último da eleição presidencial deste ano, com foco central de encontrar uma resposta adequada para os questionamentos de seu adversário, o presidente Jair Bolsonaro (PL), sobre corrupção. Assim como ocorreu no duelo na Band, no dia 16, o petista contará com o auxílio da jornalista Olga Curado, preparadora de candidatos famosa ao misturar princípios do aikido (arte marcial japonesa), psicologia Gestalt, budismo e meditação.
Segundo o colunista Lauro Jardim, Bolsonaro topou treinar algumas posturas e gestuais para o debate da Globo.
Durante a disputa eleitoral, Olga tem trabalhado com o candidato do PT ao governo de São Paulo, Fernando Haddad. Mas ajudará agora o presidenciável no treinamento para o debate junto com o marqueteiro Sidônio Palmeira, com os coordenadores de comunicação da campanha, Edinho Silva e Rui Falcão, e com o ex-ministro da Comunicação Social Franklin Martins.
Na tarde de terça-feira, Olga e Franklin já estiveram na produtora em São Paulo onde Lula grava a propaganda eleitoral para uma primeira reunião sobre a preparação para o debate.
Chave de braço
A consultora já havia auxiliado o petista na eleição de 2006. Na ocasião, antes do confronto com Alckmin, ela deu uma chave de braço e tentou enforcar o então presidente da República no treino para um debate.
Na coordenação da campanha petista há uma avaliação de que Lula tem mostrado dificuldade ao falar sobre corrupção. Isso foi visto no debate da Band. No bloco em que Bolsonaro abordou o tema, o petista deixou de lado a estratégia combinada com o comando da campanha e acabou estourando o tempo.
Pelo que havia sido acertado na preparação, Lula deveria sempre terminar suas intervenções com um questionamento a Bolsonaro como uma forma de intimidar o adversário. Mas isso não foi visto no bloco e o atual presidente conseguiu deixar o candidato do PT acuado.
Condenado na Lava-Jato em sentenças que depois foram anuladas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), Lula, de acordo com aliados, ainda não se sente à vontade para falar sobre as denúncias de corrupção de seu governo.
Episódios dos últimos dias protagonizados por Bolsonaro e aliados devem ser alvo de ofensiva de Lula no debate da Globo. O caso do ex-deputado Roberto Jefferson (PTB), que atirou contra policiais federais que tentavam cumprir um mandado de prisão contra ele, deve ser levado ao programa, assim como o episódio em que o atual presidente disse que foi à casa de adolescentes venezuelanas depois que “pintou um clima”.
As propostas em estudo no Ministério da Economia de acabar com a indexação do salário mínimo à inflação e de extinguir as deduções de despesas de saúde e educação no imposto de renda também devem fazer parte do repertório de Lula.