Lula: ‘Ninguém estava pronto para enfrentar a monstruosidade de uma rede mentirosa’
Petista concedeu entrevista na manhã desta quinta-feira e ele elevou o tom contra as fake news no segundo turno da corrida eleitoral
Após o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) conceder 184 direitos de resposta à campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) contra seu adversário, Jair Bolsonaro (PL), o petista afirmou nesta quinta-feira que toda vez que o partido se sentir prejudicado vai recorrer à Justiça. Em entrevista no Rio de Janeiro nesta manhã, ele elevou o tom contra as fake news no segundo turno da corrida eleitoral e admitiu a dificuldade de enfrentar o que ele chamou de “monstruosidade de uma rede mentirosa” com um “exército de milicianos” e “robôs” da campanha do rival.
— A conquista do direito de resposta no espaço do adversário foi bom pra tirar o tempo de mentira que Bolsonaro conta na televisão. E pra gente poder conversar com o trabalhador — afirmou o petista. — O poder Judiciário existe para isso. Quando você se sente ofendido, atacado, prejudicado, ao invés de fazer o que eles (os adversários) fazem, a gente vai para a Justiça.
Na guerra contra as fake news, Lula defendeu as ações de sua campanha nas redes, mas avaliou ser “muito difícil competir com robôs”.
— É importante que se reconheça a capacidade do exército de milicianos dele de fazer os incitamentos de rede social. Eu acho que a gente não tinha cultura, não tinha experiência, o Brasil não estava habituado com isso. Mesmo assim nós vamos vamos ganhar as eleições. Acho impossível ele tirar a diferença em uma semana, mesmo fazendo as loucuras que ele faz — disse. — Ninguém estava preparado para enfrentar a monstruosidade de uma rede mentirosa.
Antes de seguir para agenda de campanha em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio, ele citou casos como o vídeo em que o atual presidente afirma que “pintou um clima” com adolescentes venezuelanas no Distrito Federal. Segundo o candidato, a campanha de Bolsonaro utilizou a embaixadora da Venezuela no Brasil, María Teresa Belandria, para tentar convencer as jovens citadas a se pronunciarem a favor do presidente. Lula mirou ainda nas declarações da ex-ministra Damares Alves, eleita senadora, sobre supostos abusos cometidos contra crianças na Ilha do Marajó, no Pará.
— O mínimo que se espera é que a Justiça faça com que aquela mulher mostre a prova. Porque ela falou uma monstruosidade. Não foi uma coisa pequena que ela falou. A sociedade civil não pode ficar quieta — disse Lula.
O mesmo tom foi seguido por dirigentes de partidos aliados, entre eles Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT. Coube a ela comentar o caso do pastor André Valadão, que divulgou nas redes um vídeo de retratação que, segundo ele, teria sido motivado por decisão do TSE, embora o tribunal não o tenha intimado. Além de discutir propostas, ela afirmou que o momento na campanha é combater o que ela chamou de “avalanche de fake news”.
— Fico indignada com um pastor mentir daquele jeito — disse ela, sem citar o nome de Valadão. – Ele reitera as mentiras contra o presidente Lula, se colocando como vítima — continuou, citando ainda notícias de patrões que têm pressionado empregados e o que ela chamou de “compra do processo eleitoral” com “sangria dos recursos” públicos.
‘Pesquisa serve para nos alertar’, diz Lula
Já sobre o Datafolha desta quarta-feira, em que a distância de Lula para Bolsonaro reduziu para 4 pontos percentuais (49% a 45% dos votos totais), o petista iniciou dizendo que não comentava pesquisas, mas ressaltou que elas servem de alerta.
— Estou informado da pesquisa e acho que serve apenas para nos alertar — frisou.
O primeiro objetivo neste momento, afirmou, é reduzir a abstenção. Ao se dizer confiante na vitória nas urnas, ele apontou ainda o que classifica como erros de Bolsonaro, citando medidas econômicas do governo federal às vésperas da votação, como o anúncio do 13º salário do Auxílio Brasil, assim como os empréstimos consignados para quem recebe o benefício.
Além disso, confirmou que, depois das agendas no Rio nesta quinta-feira, vai a Minas Gerais amanhã e, depois, a São Paulo, em dias seguidos de campanha no Sudeste, onde o Datafolha aponta um descolamento de Bolsonaro com relação a Lula. Na segunda-feira, comentou o candidato, sua equipe se reúne para acertar os detalhes da última semana antes da volta às urnas, com debate entre os presidenciáveis na TV Globo.
Visitas a locais onde Bolsonaro venceu no 1º turno
Nos compromissos de hoje no Rio, Lula vai a duas regiões em que Bolsonaro teve mais da metade dos votos no primeiro turno. Primeiro, vai a São Gonçalo, terceiro maior colégio eleitoral fluminense, na Região Metropolitana, onde teve 42,4% dos votos, contra 50,09% de seu adversário. Apesar de o candidato à reeleição ter vencido na cidade, foi com uma margem inferior, por exemplo, à registrada em toda a Baixada Fluminense. Nesse cenário, o petista já tinha visitado o município na primeira rodada eleitoral, quando seu reuniu com evangélicos. Desta vez, o petista volta dois dias depois da passagem de Bolsonaro por São Gonçalo.
No fim da tarde, às 17h30, o petista também visita Padre Miguel, na Zona Oeste do Rio, outra região com vantagem para Bolsonaro no primeiro turno. Ele faz uma caminhada pelo Ponto Chic, centro comercial e cultural de um bairro de grandes conjuntos habitacionais e da comunidade da Vila Vintém. Nas seções eleitorais de Padre Miguel, Lula teve 35,9% dos votos, contra 50,9% de Bolsonaro.