Mãe biológica diz que se arrependeu de entregar filha a casal preso por tentar registrá-la
Delegada disse que a mãe da bebê já tem outra filha e alegou não ter condições de criar mais uma criança
A mãe biológica da bebê encontrada com casal preso por tentar registrá-la como legítima afirma que se arrependeu de entregar a filha para adoção irregular. A declaração foi feita em depoimento e foi confirmada pela delegada Thaynara Andrade, que conduz o caso.
Conforme expõe a investigação, a mulher detida foi à Maternidade Marlene Teixeira como acompanhante da grávida, onde, juntas, apresentaram documentos trocados de forma que uma se passasse pela outra. Depois, o casal foi até o cartório de Aparecida de Goiânia registrar a criança, como se fossem os pais biológicos.
A mãe biológica disse que conhecia a mulher que registrou sua filha, mas não entrou em detalhes sobre a relação das duas. Segundo a delegada, ela já tem outra filha e alegou que não tinha condições de criar mais uma criança.
Mulher se ofereceu para evitar aborto
Em depoimento, a mãe biológica disse que a intenção inicial era realizar um aborto, no entanto, sua conhecida se ofereceu para criar a criança. “Ela disse que não recebeu nenhuma vantagem do casal para entregar a filha, mas nem tudo foi esclarecido”, ressalta a delegada.
De acordo com a mãe biológica, ainda em depoimento, o arrependimento ocorreu quando entregou a criança, mas já era tarde para desfazer a farsa criada para que a criança fosse registrada como filha legítima do casal.
A Polícia Civil constatou que a mãe biológica se passava pela pretensa mãe adotiva desde o último exame pré-natal, quando a grávida apresentou documentação para confundir profissionais de saúde.
Registro da criança
O casal foi preso na última segunda-feira (23), mas a bebê nasceu no domingo (20). Em nota, a Secretaria de Saúde de Aparecida informou que a mulher chegou à unidade já em trabalho de parto e sem os documentos pessoais. A maternidade completou que, após o parto, a equipe médica percebeu divergências nas informações prestadas pela paciente e por sua acompanhante e acionou a polícia.
A delegada explicou que a mãe biológica foi ouvida como testemunha, porque o crime do flagrante foi o uso de documentos falsos para o registro da menina.
A recém-nascida foi encaminhada para o Conselho Tutelar e vai ficar em um abrigo até o juiz decidir se a mãe biológica tem condições manter a guarda.
Se condenado, o casal pode ter que cumprir pena de até 11 anos de prisão, pelo falso registro e pela falsidade ideológica. Se a mãe biológica tiver sido beneficiada para entregar a criança ao casal, todos os envolvidos podem contrair pena de até 4 anos de prisão.