Mãe de bebê levado de maternidade diz que o deixou para adoção por não ter condição de criá-lo
Conforme expõe o delegado, a mulher não irá responder por crime nenhum; ela ainda teve acompanhamento e orientação do Conselho Tutelar da região Noroeste
A Polícia Civil (PC) ouviu, na segunda-feira (3), a mãe do bebê que foi levado ilegalmente da maternidade Nascer Cidadão, no Jardim Curitiba, por uma técnica em enfermagem da unidade, na última quinta-feira (30). Durante o depoimento, a mulher de 40 anos afirmou que deixou o recém-nascido para adoção por não ter condições financeiras para criá-lo. Conforme informações do delegado responsável pelo caso, Wellington Ferreira Lemos, ela não será autuada.
Segundo o delegado, a mulher negou ser usuária de drogas e disse não conhecer a técnica em enfermagem Elenita Aparecida Lucas Correia, a tia dela, Elida Correia Dantas, e o casal que ficou com o recém-nascido. “Ela alegou que deixou a criança para adoção de forma voluntária por não ter condições de criá-la. A mulher disse também que durante o período em que ficou no hospital não foi procurada pela técnica e não recebeu proposta de qualquer vantagem para deixar o bebê”, contou ao Mais Goiás.
Ainda de acordo com o delegado, a mulher informou que cuida de dois filhos biológicos e de uma outra criança do atual companheiro. “Segundo ela, a gravidez não foi planejada e o casal não tinha condições de ficar com o bebê. Ela não abandonou a criança, mas a deixou para adoção e foi assistida pelo Conselho Tutelar. Ela contou que precisou sair no sábado por conta própria para cuidar do filho de 10 anos que havia sido internado no Hugol”, disse.
Conforme Wellington, a mulher não irá responder por crime nenhum. “A criança nasceu prematura e debilitada, precisava de tratamento e foi deixada em um local apropriado para isso. A atitude da mãe foi até louvável, visto que não abortou e nem abandonou o recém-nascido em qualquer lugar, sem cuidados”.
A técnica em enfermagem Elenita Aparecida continua presa e vai responder por subtração de incapaz e por colocar em risco a vida da criança. A pena pelos crimes varia de 2 a 6 anos e 2 meses a 1 ano, respectivamente. A tia dela, Elida Correia, e o casal que ficou com a criança também respondem por subtração de incapaz, mas em liberdade. O inquérito deve ser concluído na próxima sexta-feira (7).
O Mais Goiás continua em busca de um posicionamento da maternidade Nascer Cidadão e da Fundação de Apoio ao Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (FUNDAHC), responsável pela gerência da unidade de saúde. Até o fechamento desta matéria, ambos não haviam atendido as ligações.
Relembre
O bebê nasceu no dia 25 de maio e foi disponibilizado para adoção pela mãe no mesmo dia. Na madrugada do dia 30, ele foi levado pela técnica em enfermagem que atuava no ambulatório da unidade há cerca de nove meses. A mulher andou mais de 30 quilômetros com ele no baú de uma motocicleta até deixá-lo na casa de uma tia identificada como Elida Correia Dantas.
À PC, Elenita confessou o crime e contou que resolveu “presentear” uma prima que havia perdido o filho ainda na gestação. Comovida com o fato de que a mulher não poderia mais engravidar, a suspeita subtraiu a criança da neonatal da maternidade. Durante o depoimento, a autora afirmou que a atitude foi impensada e que não houve concordância entre a tia e o casal. Apesar disso, conforme Wellington, os envolvidos serão responsabilizados já que permaneceram com a criança por cerca de 8h e não informaram às autoridades competentes, assumindo o risco da subtração.