Cleide de Souza, mãe da empresária Michelle de Souza Pires, prestou depoimento ao delegado Manoel Borges nesta terça-feira (3) sobre a morte da filha, ocorrida no dia 27 de novembro do ano passado em decorrência de complicações de procedimentos estéticos. Michelle tinha 30 anos e residia em Morrinhos. Ela veio a Goiânia passar por uma abdominoplastia e uma lipoaspiração no Hospital Buriti, porém, faleceu menos de 36 horas após as cirurgias.
Segundo o delegado, Cleide trouxe à tona questões importantes, que serão levadas em conta nas apurações sobre o caso. “Ela acrescentou informações que chamaram bastante atenção. Primeiro, que a filha estava anêmica e que pela perda de sangue que teve, deveria ter sido feita uma transfusão. Depois, que pelo tamanho da Michelle e pela agressividade das cirurgias, ela deveria ter ficado mais tempo sob cuidados médicos”, diz o delegado.
Cleide mostrou ao delegado áudios que recebeu da filha em que ela afirma estar sentindo muitas dores e passando mal. Em um deles a empresária diz que chegou a vomitar 20 vezes.
A mãe também destacou em seu depoimento que Michelle, apesar do corpo franzino, perdeu seis quilos durante o procedimento. Para ela, isso corrobora a tese de que o tempo de internação deveria ter sido maior. A empresária ficou menos de 24 horas na unidade de saúde.
O breve período de hospitalização também chamou a atenção do ex-cunhado de Michelle, Lucas Paulo Pires da Silva, cuja família a hospedou em Goiânia na época da realização das cirurgias, conforme ele relatou ao Mais Goiás no dia do falecimento de Michelle. Foram a mãe e a tia de Lucas quem primeiro socorreram a empresária quando ela começou a passar mal. De acordo com o atestado de óbito, a causa da morte foi um tromboembolismo pulmonar, em consequência da formação de um coágulo nas veias, que provoca o entupimento da artéria do pulmão.
Conforme o delegado, as informações prestadas nos depoimentos servirão para indagar a médicos peritos sobre a conduta dos responsáveis pelos procedimentos. “Queremos saber se, com anemia, com o peso e a compleição que ela tinha, ela poderia fazer a cirurgia? Ela deveria ter recebido alta de imediato?”, explica Manoel. “Vamos levar isso em conta para saber se houve erro, imperícia ou imprudência.”
O próximo passo das apurações, diz o delegado, são ouvir o socorrista do Samu que teria presenciado a empresária agonizando, e também uma ex-cunhada, que é enfermeira e acompanhou a empresária antes e depois dos procedimentos.