RIO DE JANEIRO

‘Mãe nenhuma espera’, diz mulher sobre filha de 3 anos baleada

A criança estava na porta de casa, no bairro de Santa Cruz da Serra, quando foi atingida no tórax

Os casos de violência contra crianças no Rio de Janeiro cresceram. De acordo com dados da plataforma Fogo Cruzado, no Grande Rio, entre os meses de janeiro e setembro de 2019, 14 meninos e meninas foram baleados — destas, 4 morreram. Os números deste ano já mostraram um aumento de 35% quando comparado com o mesmo período. Ainda segundo a plataforma, até o momento, 19 crianças foram atingidas por armas de fogo em 2020. Seis não resistiram. Todas elas têm idade inferior a 12 anos.

O caso mais recente aconteceu na noite de ontem em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, quando uma menina de 3 anos foi vítima de uma bala perdida, por volta das 18h30. A criança estava na porta de casa, no bairro de Santa Cruz da Serra, quando foi atingida no tórax. Ela foi levada para o Hospital Adão Pereira Nunes, na mesma região, onde permanece internada com quadro de saúde considerado estável.

Os pais da criança conversaram com o UOL e disseram que, no momento dos disparos, a menina e a mãe estavam no portão de casa, onde a mulher montava uma barraca para vender salgados. A mãe, que preferiu não ser identificada, conta que no momento em que começaram os disparos ela ainda tentou proteger a filha:

“Ela teve duas fraturas na coluna e tem um pouquinho de sangue no pulmão que devem drenar, mas ela está estável e fora de risco. Eu estava terminando de montar minha barraca para vender salgadinhos na porta de casa quando ela foi baleada. Na hora que ela levou um tiro foi uma correria, eu ainda tentei proteger a minha filha, abracei ela, mas ela se feriu. Ninguém espera que isso vá acontecer com um filho. Mãe nenhuma espera. Ela tinha o costume de ficar ali comigo, os vizinhos todos estavam ali brincando com ela antes disso tudo acontecer”

O caso foi registrado na 62ª DP (Imbariê). Segundo o delegado responsável, Marcos Santana, os tiros que atingiram a menina partiram de traficantes: “Os traficantes da região atiraram contra um veículo que não atendeu a ordem para abaixar o vidro. Um dos disparos atingiu essa criança. Estamos apurando a autoria do crime e fazendo diligências na rua para chegar aos autores”, diz.

Ainda de acordo com a plataforma Fogo Cruzado, das 19 crianças baleadas neste ano, a maioria é de classe social baixa e mora em comunidades do Rio.