ELEIÇÕES 2020 | GOIÂNIA

Mais da metade das mulheres não sabe em quem votar em Goiânia

Segundo cientista político, eleitorado brasileiro espera para escolher nos últimos dias antes do pleito. Indecisão também ultrapassou os 50% do público feminino em 2018

Conheça os prefeitos eleitos nas capitais brasileiras

Levantamento do jornal O Globo, realizado a partir da primeira rodada da pesquisa Ibope, aponta que número de  indecisos chega a representar a metade dos eleitores consultados em algumas capitais brasileiras. Em São Paulo, Rio, Belo Horizonte, Recife e Goiânia, o percentual de mulheres indecisas supera significativamente o de homens. Na capital goiana, por exemplo, 53% das mulheres informaram não saber em quem votar, contra 37% dos homens.

Do mesmo modo, quando o recorte é a idade, os jovens goianienses são mais indecisos. No entanto, segundo especialistas, a tendência é de que a disputa se acirre nos últimos dias de campanha, com diminuição na taxa de indecisos.

Em Goiânia, há somente duas candidatas oficiais disputando a prefeitura: Adriana Accorsi (PT) e Manu Jacob (Psol). A candidata do PL, Dra. Cristina, luta na justiça para ter seu nome reconhecido após desavenças com o partido, o qual aderiu à chapa encabeçada por Maguito Vilela (MDB). A pré-candidata da Rede, Maria Ester, saiu da disputa após a sigla anunciar apoio a Elias Vaz (PSB).

Demora na escolha

O cientista político Guilherme Carvalho alerta que embora pareça que esteja perto da eleição, para a maioria dos eleitores, ainda não começou. Ele argumenta que enquanto a presença dos candidatos não se faça no dia a dia do eleitor, a eleição permanece “distante”. Além disso, tradicionalmente o eleitor brasileiro decide seu voto nos últimos dez dias antes ou mesmo a uma semana do pleito.

Durante a pandemia esse traço de demora na escolha, ou indecisão pode se agravar e gerar abstenção mais alta. O que, salienta Guilherme, pode indicar que muitos eleitores já decidiram por não participar do pleito, havendo menor engajamento e consequente abstenção.

Sobre a indecisão das mulheres, o cientista político lembra que não se trata de um fenômeno novo. Em 2018, a taxa de indecisos entre o sexo feminino, no segundo turno, estava acima dos 50%.

“Falando em termos gerais, as mulheres são a maior parte do eleitorado brasileiro, mas são subrepresentadas. Há pouca representação das mulheres em relação a quem se propõe a candidatar ao parlamento municipal ou para prefeito. Além disso, a maioria dos lares brasileiros é gerido por mulheres, as quais pautam as escolhas inclusive nas urnas, o que gera uma grande responsabilidade. Assim, as mulheres têm demorado mais, pois o voto delas tem efeito prático na vida das pessoas”, explica.

Outras cidades

O índice de indecisos varia entre 23%, em Rio Branco, e 54%, em Porto Alegre. Em ambos os casos, as taxas foram alcançadas quando a lista de candidatos não é apresentada, modelo chamado de pesquisa espontânea.

No Rio, em São Paulo e Porto Alegre, a indecisão também é maior entre eleitores com menor escolaridade e renda. Na capital paulista, 50% dos eleitores com renda de até um salário mínimo não definiram o voto.

Quando considerado o grupo com maior renda (mais de cinco salários mínimos), essa proporção cai para 28%. Já entre os que têm ensino fundamental, 47% estão indecisos, contra 35% na faixa com ensino superior.

Na capital gaúcha, entre aqueles com renda doméstica de até um salário mínimo, 64% estão indecisos, dez pontos percentuais a mais que a média da cidade (54%).