Nome com forte resistência no setor do agronegócio, a agora nova candidata do PSB Marina Silva afirmou nesta quarta-feira, 20, que o polo da sua campanha é o programa de governo elaborado em conjunto com o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, morto na semana passada em um acidente aéreo.
“Quando foi na CNA (Confederação Nacional da Agricultura) fazer o debate ele (Eduardo) levou ali as nossas propostas”, disse. Ela disse ainda que discorda da ideia de que o agronegócio, de forma homogênea, tem restrições a seu nome. “Tem muita gente que está na vanguarda na integração de economia e ecologia”, declarou, citando como exemplo a área do etanol. “O Brasil é um País que tem na sua agricultura, tanto no agronegócio quanto na agricultura familiar, uma base importante da economia”, concluiu.
Confirmada pelo PSB como candidata à Presidência da República, a ex-senadora Marina Silva disse que a união com Eduardo Campos não foi em nenhum momento uma questão de palanques. “Nossa união não era para dividir palanque, mas para compartilhar um legado”, disse.
A candidata disse que a partir da morte de Campos, na semana passada em acidente aéreo, a união está selada no programa de governo elaborado entre ambos. “O programa é em si mesmo um pacto selado, o acordo maior que nos une, PSB, companheiros, que com certeza estavam aguardando este momento que o PSB nos anuncia. Trouxemos o acúmulo passado, de nossas tristezas, compromissos com o povo brasileiro, tudo submetido ao crivo da competência técnica. Ao que de melhor se pensa e se faz no mundo”, afirmou.
Marina disse ainda que vem de uma campanha, em 2010, que surpreendeu o País pelo apoio da sociedade. “Venho de uma campanha presidencial que surpreendeu o País pelo apoio obtido junto a sociedade, que externou sua insatisfação com o esgotamento da política tradicional, reiterada em junho-julho de 2013”, disse. “Nova forma de ver o processo de desenvolvimento e a incorporação de novos temas e novas propostas. Essa experiência de mobilização social foi fundamental para unir os ideais de justiça social”, observou.
Segundo ela, sua nova chapa está disposta a se “entender para levar adiante a missão” do partido. E retomou o bordão de Campos de “não desistir do Brasil”.
Marina afirmou que os acertos locais costurados com Eduardo Campos serão mantidos. A ex-ministra declarou, no entanto, que não se engajará em alianças que foram alvo de atritos entre seu grupo e os diretórios pessebistas locais, e que isso já era um dos termos do acordo com seu ex-companheiro de chapa.
“Conseguimos 14 estados com candidaturas em que a Rede (grupo político que ela tentou criar e que foi abrigado dentro do PSB) e os socialistas estão de acordo”, disse.
Com a substituição da chapa ocasionada pela morte de Campos na semana passada, em um acidente aéreo, Marina continuará a se “preservar” em alianças que o PSB e a Rede não chegaram a um consenso. É o caso, por exemplo, de São Paulo e Paraná, onde o PSB está em coligações que apoiam o PSDB.
“O que foi decidido chancelava que o PSB teria o direito a essas alianças e eu seria preservada de apoiá-las. Permanece o mesmo quadro”, disse Marina. De acordo com ela, o novo candidato a vice, Beto Albuquerque, representará o PSB nesses Estados onde há problemas.
“O Beto representará o PSB nessas alianças, e eu estarei ao lado dos candidatos do PSB a deputado federal e estadual, como já estava antes”, concluiu. Beto Albuquerque, por sua vez, disse que não há qualquer estresse entre o PSB e a Rede e que essa é uma situação superada.
Carta
Marina ainda afirmou que a “carta-inventário” que lhe foi entregue pelo presidente da sigla Roberto Amaral e que conta com diretrizes do programa de governo é “um pedido de acolhimento”. A expectativa é que o PSB divulgue logo mais os termos desse documento.
Em seu discurso, a candidata agora sacramentada pela executiva nacional do PSB disse que ninguém estava preparado para a tragédia que foi a morte, na semana passada, do então candidato pessebista à presidência, Eduardo Campos, em um acidente aéreo. Emocionada, ela leu uma carta sobre os 10 meses de convivência com Campos, desde que os dois selaram uma aliança em outubro do ano passado. Disse que quem conhecia Campos saía do encontro convencido de suas ideias, mas lamentou que ele tenha tido pouco tempo para expressá-las.
“A bandeira da dignidade deve estar presente em todos os nossos atos”, declarou Marina. “Nossa palavra de ordem é crescer”, concluiu.