CONFRONTO

Marinha realiza desfile com blindados para entrega de convite a Bolsonaro em Brasília

Marinha realiza esse desfile todos os anos, mas é a primeira vez que ele passa por Brasília e no dia da votação da PEC do voto impresso

Marinha realiza esse desfile todos os anos, mas é a primeira vez que ele passa por Brasília e no dia da votação da PEC do voto impresso (Foto: divulgação/ BBC Brasil)

A Marinha realizou o desfie com carros blindados e outros veículos militares em frente ao Palácio do Planalto para realizar a entrega de um convite ao presidente Jair Bolsonaro na manhã desta terça-feira (10). O comboio passou no dia em que a Câmara dos Deputados coloca em votação a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) do voto impresso, defendida por Bolsonaro.

O convite é para que o presidente vá assistir às manobras militares que devem acontecer nos próximos dias no Centro de Instrução de Formosa (CIF), em Goiás. A Operação Formosa, da Marinha, acontece todos os anos desde 1988. Entretanto, é a primeira vez que o comboio passa nas proximidades da Esplanada.

No desfile também estiveram integrantes das três Forças – Exército, Marinha e Aeronáutica. Por meio de nota, a Marinha afirmou que a “entrega simbólica” do convite ao presidente e outras autoridades foi planejada antes da definição da data da votação da PEC na Câmara e que o comboio militar deixou o Rio de Janeiro no último dia 8 de julho.

De acordo com o Jornal Estado de São Paulo, Bolsonaro sugeriu, por duas vezes, aos ex-comandantes a exibição de força que está sendo feita nesta terça. Em uma delas, ele sugeriu que os tanques fossem estacionados em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF). Em outra, que o Gripen da Aeronáutica desse um rasante próximo da Corte para que vidros do prédio fossem estilhaçados. Em ambas as oportunidades, a ideia caiu no vazio, mas desta vez, foi acatada por Braga Netto.

Marinha e trágica coincidência

Na última segunda-feira (9), quando veio a público que a Marinha faria uma espécie de desfile para entregar o convite, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), classificou o episódio como “trágica coincidência”. O parlamentar quis dar sobrevida na discussão da PEC levando o projeto para ser analisado em plenário.

“O voto impresso está pautando o Brasil. Não é justo com o país e com o que a Câmara dos Deputados tem feito para enfrentar os grandes problemas do Brasil desde que assumi a presidência desta Casa”, afirmou o deputado.

Segundo Lira, “a disputa já foi longe demais” e tem dividido o país. Dessa forma, apesar de ter sido rejeitada em comissão especial na noite da última quinta-feira (5), a proposta será analisada em plenário pelos 513 deputados nesta terça-feira (10).

“Pela tranquilidade das próximas eleições e para que possamos trabalhar em paz até janeiro de 2023, vamos levar a questão do voto impresso para o plenário, onde todos os parlamentares eleitos legitimamente pela urna eletrônica vão decidir. Para quem fala que a democracia está em risco, não há nada mais livre, amplo e representativo que deixar o plenário manifestar-se”, declarou Lira. “Só assim teremos uma decisão inquestionável e suprema, porque o plenário é nossa alçada máxima de decisão, a expressão da democracia. E vamos deixá-lo decidir”.

O parlamentar argumentou ainda que continuará no caminho da institucionalidade e da defesa da democracia. “Não contem comigo com qualquer movimento que rompa ou macule a independência e a harmonia entre os Poderes, ainda mais como chefe do Poder que mais representa a vontade do povo brasileiro”, disse.

Comissão do voto impresso

A comissão especial da Câmara dos Deputados que analisou a PEC do Voto Impresso rejeitou, por 23 votos a 11, o substitutivo apresentado pelo relator, deputado Filipe Barros (PSL-PR). Apesar de ter sido rejeitado pelo colegiado, o regimento interno da Câmara permite que a matéria seja analisada em plenário.

Tramitação

Com a análise em plenário, a PEC do Voto Impresso precisa ser aprovada por três quintos dos deputados, o correspondente a 308 votos favoráveis, em dois turnos de votação. Caso seja aprovado na Câmara, o texto segue para apreciação do Senado, onde também deve ser analisado em dois turnos e depende da aprovação de, pelo menos, 49 senadores.

*Com informações do G1 e O Tempo