Suspensão de atendimento ginecológico no Dona Iris completa sete meses
Entre os serviços descontinuados estão cirurgias ginecológicas, patologia cervical, mastologia, planejamento familiar e inserção de DIU

O Hospital e Maternidade Dona Íris não oferece atendimento ginecológico desde agosto de 2024. A instituição, que enfrenta uma grave crise desde o ano passado, quando serviços essenciais foram suspensos devido à falta de repasses financeiros, conta atualmente apenas com o setor de obstetrícia em funcionamento. Uma médica residente do hospital revelou que, enquanto o serviço não é reestabelecido, especialistas estão sendo demitidos ou realocados para outras funções.
Mulheres que necessitam de procedimentos como histerectomias, tratamento de sangramento uterino, laqueadura fora do período do parto e diagnóstico precoce de câncer de colo de útero estão sendo diretamente afetadas.
Profissionais da saúde e representantes do Conselho Regional de Medicina tentaram marcar uma reunião com o secretário municipal de Saúde para discutir soluções, mas o gestor não compareceu. “As informações que temos são pela metade, nada oficial. Marcamos reuniões, mas não houve interesse em dialogar”, relata uma médica que atua no Hospital Dona Íris, mas prefere não se identificar por medo de retaliação. Segundo ela, um grupo de 23 residentes está sendo afetado pela decisão.
Entre os serviços descontinuados estão cirurgias ginecológicas, patologia cervical, mastologia, planejamento familiar e inserção de DIU. “Com isso (a suspensão do serviço) somente no Dona Íris, temos 726 fichas paradas de cirurgia ginecologica que ja haviam sido aprovadas”, destacou a médica.
A FUNDAHC (Fundação de Apoio ao Hospital das Clínicas da UFG), responsável pelo atendimento das maternidades de Goiânia, informou que os serviços estão sendo revisados, mas não há previsão para a retomada das atividades.
Nota Secretária Municipal de Saúde
A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informa que os procedimentos suspensos desde agosto de 2024 nas maternidades são atualmente realizados no Hospital Santa Lúcia, Hospital Santa Catarina e Hospital das Clínicas.
A SMS ressalta que, entre os meses de janeiro e março deste ano, já foram repassados mais de R$ 50 milhões à Fundação de Apoio ao Hospital das Clínicas (Fundahc). Na atual gestão, os pagamentos à fundação e a todos os demais prestadores de serviços de saúde são realizados em dia.
A SMS esclarece que os novos planos de trabalho das maternidades ainda estão em avaliação e que a reestruturação dos serviços busca assegurar atendimento digno, de qualidade e de forma sustentável a todos os pacientes da rede.