O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes acolheu um dos pedidos da Procuradoria-Geral da República (PGR) para abertura de inquérito contra o senador e presidente do PSDB, Aécio Neves (MG). A decisão de Mendes em autorizar as investigações por corrupção passiva e lavagem de dinheiro contra o tucano, baseadas na delação premiada do ex-senador Delcídio do Amaral, aconteceu no mesmo dia em que ele foi sorteado para relatar o caso no Supremo.
Embora o acordo de colaboração de Delcídio com a PGR tenha sido firmado no âmbito da Operação Lava Jato, o relator da operação no STF, ministro Teori Zavascki, considerou em despacho na terça-feira que as suspeitas que recaem sobre a participação de Aécio em um esquema de corrupção em Furnas, subsidiária da estatal do setor elétrico Eletrobras, não têm conexão com a Lava Jato.
No pedido para investigar o senador tucano, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, solicita que ele preste depoimento ao Ministério Público Federal em um prazo de até três meses, assim como outras pessoas supostamente envolvidas no esquema de corrupção na estatal, como o ex-diretor de Furnas Dimas Toledo. O procurador-geral também pede à Polícia Federal que colete indícios entre o material já apreendido na Operação Lava Jato para a apuração das suspeitas.
Em depoimentos prestados aos investigadores do Ministério Público Federal, Delcídio relatou um diálogo mantido com o ex-presidente Lula, em que o assunto foi a influência de Aécio na diretoria de Furnas comandada por Dimas Toledo, a quem cabia administrar contratos de terceirização. Segundo o ex-petista, em uma viagem em maio de 2005, Lula quis saber quem era Toledo e disse: “Eu assumi e o Janene veio pedir pelo Dimas. Depois veio o Aécio e pediu por ele. Agora o PT, que era contra, está a favor”. Na sequência, Lula concluiu: “Pelo jeito ele está roubando muito”.
Há outro pedido de abertura de inquérito contra o senador Aécio Neves no STF, também baseado na delação premiada de Delcídio do Amaral. Janot quer investigar o tucano, além do prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB), e o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), com base no termo 18 da delação premiada do ex-líder do governo no Senado, em que ele denuncia uma manobra para maquiar dados do Banco Rural apresentados à CPI dos Correios, em 2005. (Com a Veja)