‘Meu olho encheu d’água’, diz entregador parado por uma menina de oito anos que pediu pizza de graça
Na noite da última quinta-feira, 24, por volta das 20h, um entregador finalizava mais um…
Na noite da última quinta-feira, 24, por volta das 20h, um entregador finalizava mais um dia de trabalho no bairro Cohab 5, em Vargem Grande do Sul, no interior de São Paulo, quando foi surpreendido por um pedido ingênuo de uma criança de oito anos, que estava com fome. A menina abordou Flávio Tupan, 39, para perguntar se ele poderia vender uma pizza “fiado” para ela comer com a mãe.
— Ela me perguntou se eu entregava pizzas e depois pediu para anotar o número da pizzaria. Nesse intervalo em que eu estava escrevendo para ela, começou a especular “seu chefe é bonzinho?”. Completou que estava com vontade de comer, mas que ela e a mãe não tinham dinheiro hoje. Eu fiquei sem reação — disse Flávio ao GLOBO.
Flávio Tupan conta que a criança prometeu que as duas pagariam assim que a mãe recebesse o salário, mas que, naquele momento, não tinham como arcar com o valor. Ao retornar para o estabelecimento, o entregador conversou com os patrões que aceitaram dar o alimento, mas não conseguiram entrar em contato pelo telefone fornecido. Pai de cinco filhos (a mais velha de 15 anos e quatro meninos entre 1 e 7), Flávio ficou tão impactado com a história da menina, que claramente vinha enfrentando dificuldades para se alimentar, que começou a pensar em várias maneiras de ajudar. Foi quando resolveu recorrer às redes sociais.
— Eu faço muitas entregas e nunca fui abordado dessa maneira antes. Mexeu comigo. Eu não tinha um real, mas publiquei em um grupo da cidade porque pensei que alguém pudesse ajudar. O post ganhou grande repercussão — relata.
Ele conta que acordou no dia seguinte com muitas mensagens de possíveis doadores. Comerciantes se organizaram e, junto com moradores, arrecadaram alimentos e dinheiro. Também chegaram ao local onde mãe e filha estavam. Assim, os donos da Pizzaria, que não puderam doar o lanche, entregaram uma cesta básica para a família.
— Meu coração ficou apertado, meu olho encheu d’água e tive que tomar uma atitude. Tanto que até hoje tá chegando doações para ela. Você tinha que ver o rostinho dela de felicidade quando, no dia seguinte, levei uma pizza. Fui de surpresa, buzinei em frente à casa e ela ficou toda boba — diz, com alegria.
Desde a publicação, doações não param de chegar para a família. Até o momento, foram dezenas de alimentos e até mesmo brinquedos.
— A menina, que não tinha sequer uma boneca para brincar, é uma família bem humilde que veio de Minas em busca de emprego. Nunca vou esquecer o abraço que ela me deu. Criança não entende que os pais não tem condição, pensei que poderia ser com os meus filhos — finaliza.