Eleições municipais

“Minha preocupação é para ir para o segundo turno”, diz Vanderlan Cardoso

Pré-candidato à prefeitura de Goiânia pelo PSB contou, em entrevista ao Mais Goiás,um pouco dos seus projetos e estratégias de campanha

Mesmo tendo entrado na política há mais de 10 anos, Vanderlan Cardoso nunca deixou a correria da vida de empresário. Pré-candidato à prefeitura de Goiânia pelo PSB, ele recebeu a equipe do Mais Goiás em meio a uma agenda apertada das rotinas que envolvem a gestão do grupo Cipocal, a família, política e também, nos momentos de folga, a pesca. “O que você pensar aqui nesse Brasil, eu já fui [pescar]. Na Amazônia, Mato Grosso, no Pará, em Goiás”, disse, em entrevista.

Natural de Iporá, Vanderlan, aos 55 anos, pretende disputar sua quinta eleição. Em 2005, ele foi eleito prefeito de Senador Canedo pelo PR, sendo reeleito quatro anos depois ainda pela mesma sigla.

Após cinco anos e três meses de gestão, o empresário deixou a prefeitura de Senador Canedo, para disputar o governo do Estado, ainda pelo PR. Ele foi derrotado e acabou trocando de partido pelo PMDB. Com o cacique peemedebista Íris Rezende no páreo, ele se filiou, em 2013, no PSB para disputar novamente as eleições para o cargo de governador de Goiás no ano seguinte.

Agora, Vanderlan vê como desafio a candidatura à prefeitura da capital do Estado e quer fazer história na cidade com o objetivo de somar essa experiência em seu currículo como político. Ele disse que sua preocupação no momento é ser conhecido pelos eleitores e conseguir ir para o segundo turno.

Vanderlan ainda esclareceu sua relação com o governador Marconi Perillo e, apesar de dizer que não quer entrar em debates e intrigas políticas, ele não dispensou críticas ao atual prefeito de Goiânia, Paulo Garcia. Confira:

Mais Goiás: O senhor já foi prefeito de Senador Canedo e também já disputou por duas vezes o governo do Estado, sendo derrotado em ambas. Porque o senhor resolveu aceitar esse novo desafio? Porque Goiânia?
Em Goiânia, por ser a nossa capital, por ser uma cidade que passa hoje por tantas dificuldades e para mim é um desafio, e eu gosto de desafios. É um desafio ficar para a história de Goiânia assim como eu fiquei para a história de Senador Canedo, e o momento é ímpar: temos que transformar a vida da população. Sou goiano, eu nasci no Interior, em Iporá, mas sou apaixonado pela nossa capital. Então administrar a nossa capital e poder fazer uma verdadeira transformação vai ficar para o currículo como político. Para mim é desafio.

MG: O senhor nesse período trocou de partido três vezes e também mudou o projeto político. Primeiro o senhor concorreu à prefeitura de Senador Canedo, depois para o governo do Estado e agora tenta a prefeitura de outra cidade goiana. Essas mudanças geraram muitas críticas. Como o eleitor pode entender qual é o seu real projeto político?
As críticas que são feitas são por adversários e se você for olhar a maioria dos líderes políticos antigos, eles já mudaram de partido. E o eleitor hoje não está olhando mais a questão partidária. Ele olha a pessoa, qual o testemunho que essa pessoa tem, se o cargo que esse político alcançou na vida pública fez a diferença. É isso que o eleitor está olhando. Ele não está mais olhando questão partidária, até mesmo porque muitos partidos, inclusive os maiores, estão envolvidos em escândalos. E partido é como qualquer outra profissão também: tem gente boa e tem gente ruim. Eu não procuro olhar por essas críticas que às vezes vêm. Elas vêm de adversários, então eu não me preocupo com isso.

MG: Em Senador Canedo o senhor fez uma gestão bem avaliada, mas o senhor também acabou envolvido em alguns processos de improbidade administrativa. O senhor acredita que esse fato pode ser munição para a oposição?
Já foi resolvido. Preocupação eu teria se eu tivesse processo com envolvimento com desvio de verba pública, com enriquecimento ilícito, por má administração, por incompetência. Aí eu ficaria preocupado, talvez eu nem estivesse disputando essa pré-candidatura. Agora, toda pessoa que se dispõe a participar de um cargo público, principalmente no executivo, está sujeito a esse tipo de coisa. Às vezes a interpretação que é dada nos Tribunais de Contas do Município pode não ser a mesma do Ministério Público. E nós fizemos as nossas defesas e foi aceito.

MG: Nas pesquisas o senhor aparece em terceiro lugar, atrás de duas pessoas já bem conhecidas, o ex-prefeito Iris Resende e o deputado federal Delegado Waldir. Como o senhor espera reverter esse quadro?
Com muito trabalho. Eu tenho percorrido Goiânia, tenho feito muitas reuniões, apresentado projetos. Eu ainda sou bem menos conhecido que os dois que você mencionou. Mas em setembro do ano passado nós fizemos um levantamento em que 18% da população de Goiânia me conhecia bem. Recentemente fizemos outra e já está 46%. Então tem aumentado. Isso é fruto desse trabalho que temos feito em toda a Goiânia. E as pessoas ainda não estão por dentro da campanha, estão falando dos nomes mais conhecidos. Acho que a partir do momento que for aproximando as eleições, o eleitor começa a comparar os projetos.

MG: Apesar do senhor já ser experiente em campanhas, a deste ano será a primeira que terá tempo e orçamento reduzidos. Nós ainda temos um cenário de descrédito da população em relação à política. Como o senhor está estruturando sua campanha em termos financeiros e como o senhor pensa em conquistar o eleitor em um momento tão sensível?
Ao contrário do que muitos entendidos de política falavam, por vivermos um momento em que todos os dias têm escândalos de milhões ou bilhões sendo desviados, que a população não iria querer mais saber da política, mas o que eu estou vendo hoje na rua é o contrário. A população quer participar, não quer ser mais ser coadjuvante. Não está querendo mais que um pré-candidato fale e vá embora. Ela quer saber se a pessoa tem condições, tem capacidade para governar uma cidade tão importante como a nossa capital. Os eleitores, todos praticamente, estão nas redes sociais e estão bem informados. Então se tem algum candidato que acha que vai vender ilusão nessa eleição, ele está redondamente enganado. Agora, com relação à estrutura financeira, eu sempre disputei eleições com pouca estrutura financeira, isso para mim não é novidade.

MG: Pode ser até vantagem agora?
Para nós está sendo, porque eu não estou vendo aquela super estrutura de campanha como tinha antes. Vai ser uma campanha realmente de quem souber levar melhor um projeto e levar a proposta até o eleitor. Vai ser uma campanha também das redes sociais.

MG: Em relações as alianças. Como estão as conversas com os partidos?
Nós estamos trabalhando para que tenha conosco seis e talvez até sete partidos, mas eu não trabalho para que tenha aquelas alianças amplas. Eu sou um pouco contrário a ampla aliança em época de eleição só para ganhar as eleições. Nós precisamos fazer alianças, e eu estou trabalhando para isso, para que me dê condições de, ganhando as eleições, de administrar, de fazer um bom governo. Alianças só para dividir a administração e para ganhar as eleições, eu estou fora. Essa eu não faço.

MG: Há alguma possibilidade de aliança com algum pré-candidato ainda no primeiro turno?
As candidaturas que foram colocadas já foram bem definidas. A base do governo tem três pré-candidaturas e não vai deixar de ter candidato. A nossa pré-candidatura, desde que foi colocada, é independente. Foi assim em 2014 e está sendo assim agora. Então o primeiro turno, tanto a oposição como a base do governador já tem seus candidatos. Eu estou procurando ter uma boa relação com todos, porque a minha preocupação é para ir para o segundo turno. Então, estando independente de qualquer um que seja, eu vou trabalhar é para ter o maior número de apoios no segundo turno. Essa é a minha preocupação hoje, é alcançar meu objetivo que é ir para o segundo turno.

MG: Há burburinhos de que o senhor esteja de conversas com o governador Marconi Perillo. Como está a sua relação com ele?
Eu disputei duas eleições contra o governador. Foram eleições distintas. Eu perdi as duas. O eleitor achou melhor o projeto dele e do Íris, que foram os dois que foram para o segundo turno. O diálogo que eu tenho, eu tenho com todos. Eu não tenho problema com ninguém, com nenhum político do estado de Goiás. Eu tenho um bom relacionamento com todos. A discussão agora por muitos, e não sei com qual objetivo, tende a ficar falando que nós somos uma candidatura da base, e isso e aquilo. É uma eleição municipal, ela não é estadual. Então, veja bem, eu estou apresentando um projeto para a área de segurança, para resolver o problema de Goiânia. E se eu não tiver uma parceria com o Estado, como eu tive em Senador Canedo, o problema não vai se resolver, porque na Constituição diz que é obrigação do Estado, mas no município a autoridade máxima é do prefeito, então nós não podemos confundir agora uma eleição municipal com uma estadual. Eu vou trabalhar para ser eleito prefeito de Goiânia e eu vou precisar do governo do Estado para resolver o problema mais sério que o povo hoje está clamando, que é a segurança. E minha proposta é resolver, mas para resolver eu preciso da parceria com o governo do Estado. Eu não vou entrar em debate nenhum, eu não vou ficar levantando polêmicas com a forma que o Estado está sendo administrando. Eu tenho o meu posicionamento e meu pensamento, e eu coloquei ele em 2014. Tenho respeito pelo governador. A minha presidente, que é a senadora Lúcia Vânia, faz parte da base [do governo], tem trabalhado para ajudar o governador, mas isso é ela. Então a minha pré-candidatura é de independência, se não fosse de independência ou estaria lá para ser um dos candidatos da base. Então desde o início eu e a senadora deixamos isso bem claro.

MG: Em relação as suas propostas, nós temos hoje uma prefeitura em uma situação financeira muito delicada. Como o senhor pretende resolver esse problema, caso eleito?
Com gestão e comprometimento. Hoje nós vemos uma prefeitura rica, uma cidade em que a população está com a alta estima baixa por tudo o que está acontecendo na cidade, mas nós vemos uma cidade desgovernada. O que se vê falar é só de aumento de aditivo, de escândalos e nada de planejamento na nossa cidade, não tem a curto, médio e, muito menos, em longo prazo. Goiânia se perdeu nas últimas administrações. Eu gosto de trabalhar com planejamento. Em Senador Canedo nós planejamos para trinta anos para frente e, se você for lá hoje, você vai ver tudo acontecendo conforme foi planejado. Há 20 anos, de cada R$ 100 arrecadado de Goiás, R$ 32 era de Goiânia. Eles correram com as indústrias daqui, não foi feito nenhum distrito industrial. Essa política de Goiânia ser só prestadora de serviço, que é bom também porque gera muito emprego e renda, mas você pode conciliar as indústrias, os pólos de desenvolvimento, os pólos de confecções, não têm nenhum, só vendas. Então hoje de cada R$ 100 arrecadados no Estado, R$ 17 é de Goiânia. Aí você vê todos esses problemas acontecendo. Primeiro, pela má administração, falta de planejamento, falta de comprometimento, um prefeito que não gosta do que faz. O que a gente nota é que para ele está sendo difícil estar nesse cargo. Então precisa ter comprometimento, de gostar do povo, de gostar de estar perto do povo, nas obras, nas construções, gostar de fazer. De cinco anos e três meses que eu estive a frente da prefeitura de Senador Canedo, você pode contar o tempo que eu passei no gabinete, não dá dois meses. Eu despachava no capô do carro nas obras, nas construções, era dentro das secretarias, despachando com o povo, vendo os problemas. Você estando na rua, o povo está ali, te procurando com problema. O secretário já fica preocupado porque sabe que o prefeito está andando e que vai chegar os problemas para ele. Eu gosto da administração, eu gosto de fazer. Talvez seja o diferencial nosso com os outros administradores. Eu sei administrar, é um dom que Deus me deu. Eu tenho visto aí muita coisa acontecendo que não é falta de recursos, é falta de gestão. Então dá para se fazer. Goiânia tem um bom orçamento, é maior que o de Senador Canedo, a renda per capita de Goiânia é 30% a mais que a de Senador Canedo. Senador Canedo, até eu assumir, diziam que não dava para fazer nada porque não tinha recurso. As escolas estavam caindo, não dava para ter médico, remédio, porque não tinha dinheiro. E de um dia para outro passou a ter.

MG:Em Goiânia, o Paulo Garcia está tendo muitos problemas com servidores de reclamam de cortes e falta de reajustes e benefícios. Como o senhor pensa em resolver os problemas?
Com diálogo, não escondendo nada, não mentindo. Quem vai administrar o orçamento caso eu seja eleito em Goiânia, o orçamento da Educação, por exemplo, serão os profissionais da Educação. A palavra final, lógico, é minha, mas quem vai ver as prioridades são eles, são eles que entendem, são eles que estão ali.

MG: Será uma gestão compartilhada?
Compartilhada! Fiz isso em Senador Canedo e foi um sucesso. A SMT aqui, queremos transformá-la em superintendência, dar mais autonomia. Os recursos arrecadados oriundos de multa têm que ser destinado para o investimento, para comprar material que funcione bem, com sinalização, educação no trânsito. Esse dinheiro tem que ser investido nisso, hoje está no caixa central e ninguém sabe para onde vão esses recursos, em quê estão sendo investidos. Então é fazer esse tipo de administração e voltar os recursos para que eles sejam destinados para funcionar ali mesmo.