Ministério da Saúde quer todas as doses da CoronaVac
Em passado recente, o presidente Bolsonaro chegou a dizer que não compraria a “vacina chinesa de João Doria” mesmo se obtivesse aprovação da Anvisa
Segundo reportagem da CNN Brasil, o Ministério da Saúde quer que todas as doses da vacina contra a Covid-19 Coronavac, que são produzidas pelo Instituto Butantan, sejam entregues ao governo federal. “A União é responsável pela distribuição de todas as vacinas em território nacional e que, por isso, o Ministério da Saúde não pode delegar esta função sobretudo em razão da atual situação em que o país se encontra pelo avanço da Covid-19”, diz ofício enviado ao instituto.
De acordo com a matéria, o Instituto disse que vai repassar as vacinas. Contudo, ele argumenta que gostaria de manter as já destinadas ao Estado de São Paulo. O Ministério da Saúde exigiu, então, ficar com toda a produção, mas o Butantan ainda não se posicionou sobre isso.
A CoronaVac, destaca-se, foi alvo de uma guerra político-ideológica entre Jair Bolsonaro (sem partido) e o governador de São Paulo, João Doria (PSDB). O presidente, inclusive, no último dia 13, ironizou a eficácia do imunizante.
“Essa de 50% é uma boa?”, se referiu a vacina, que teve eficácia global comprovada de 50,38%. “O que eu apanhei por causa disso…Agora estão vendo a verdade. Estou (há) quatro meses apanhando por causa da vacina. Entre eu e a vacina tem a Anvisa. Não sou irresponsável. Não estou a fim de agradar quem quer que seja”, disse, mas complementou que compraria qualquer vacina que passasse pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
CoronaVac
Produzida pelo Butantan em parceria com um laboratório chinês, a CoronaVac tem sido alvo de críticas do governo federal desde o ano passado. Em outubro, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, anunciou, durante uma reunião com governadores, a assinatura de um protocolo de intenções para adquirir 46 milhões de doses. Um dia depois, Bolsonaro afirmou que a “vacina chinesa de João Doria” não seria adquirida pelo governo.
O Ministério da Saúde, então, recuou. Bolsonaro declarou, depois, que não poderia comprar uma vacina antes do registro da Anvisa. Contudo, ele também chegou a afirmar que a CoronaVac não seria comprada mesmo se obtivesse aprovação da agência.
A Anvisa já informou que pretende decidir sobre o uso emergencial da CoronaVac e da vacina de Oxford neste domingo (17). “A data representa o penúltimo dia do prazo estabelecido pela própria Agência como meta para análise dos pedidos. Para tanto, faz-se necessária a entrega, em tempo hábil para análise, dos documentos faltantes e complementares”, disse o órgão em nota.