Ministra do STF vê “possibilidade real” de envolvimento de Bolsonaro no caso MEC
A ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Cármen Lúcia vê “possibilidade real e concreta de…
A ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Cármen Lúcia vê “possibilidade real e concreta de eventual participação do presidente da República [Jair Bolsonaro]” no suposto esquema de propinas no Ministério da Educação (MEC) por meio de pastores, quando Milton Ribeiro era o titular da pasta. A informação foi dada em decisão à Polícia Federal (PF) com base em interceptações telefônicas obtidas no inquérito.
Cármen ainda pediu à corporação para definir “a linha investigativa a ser seguida quanto ao presidente da República e aos demais investigados e as diligências necessárias a serem requeridas, apreciadas, e se for o caso, realizadas”.
A possível participação do presidente, contudo, ainda precisa ser aprofundada. Por isso a ministra escreve a necessidade para “comprovar, de forma taxativa e definitiva, a sua ocorrência, as circunstâncias e os desdobramentos”. Ela cita duas ligações: uma em 9 de junho, quando Ribeiro fala com a filha e cita uma conversa com o presidente em que o mandatário diz acreditar que farão uma busca e apreensão na cada dele; e outra em 22 do mesmo mês, quando o ex-ministro diz a esposa que recebeu “rumores do alto”.
Gabinete paralelo: entenda a polêmica do lobby de religiosos no MEC
Em março, o jornal “Folha de S. Paulo” divulgou áudio em que mostra um suposto “gabinete paralelo” no Ministério da Educação. Em conversa gravada e obtida pela reportagem, o ministro Milton Ribeiro diz atender uma solicitação do presidente Jair Bolsonaro (PL) e que o Governo Federal prioriza prefeitos cujos pedidos de liberação de verba foram negociados com os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura, que teria pedido 1 kg de ouro para liberar dinheiro no MEC.
“Foi um pedido especial que o presidente da República fez para mim sobre a questão do [pastor] Gilmar […] porque a minha prioridade é atender primeiro os municípios que mais precisam e, em segundo, atender todos os que são amigos do pastor Gilmar”, afirma o ministro em conversa entre os religiosos e alguns prefeitos.
Em nota emitida à época, o ministro da Educação negou que o presidente Jair Bolsonaro tenha pedido atendimento preferencial a prefeituras apadrinhadas por pastores. Ribeiro afirmou ainda que todas as solicitações feitas à pasta são encaminhadas para avaliação da área técnica.
Após a polêmica, Gilmar disse nas redes sociais que “um dia faz declaração a outro dia”. “Aqui está o mesmo pastor Gilmar Santos para falar e viver a verdade. Este servo, que Deus sempre usou para ministrar a palavra, a cura e a inspiração […] meus amores, fiquem em paz em nome de Jesus. Meu abraço ungido para vocês”, afirmou no vídeo sem mencionar o suposto esquema no Ministério da Educação.
Em junho deste ano, Milton, os pastores e outros investigados chegaram a ser presos em operação da Polícia Federal. Eles foram liberados em seguida.