Ministro da CGU chama senadora de ‘descontrolada’ e tumultua CPI
Senadora o acusou de “passar pano” sobre as suspeitas de irregularidades no contrato de compra da Covaxin
O ministro da CGU (Controladoria-Geral da União), Wagner Rosário, chamou a senadora Simone Tebet (MDB-MS) de ‘descontrolada’, nesta terça-feira (21). O ataque aconteceu depois de Rosário ser acusado de “passar pano” sobre as suspeitas de irregularidades no contrato de compra da vacina Covaxin pelo Ministério da Saúde.
As ofensas tumultuaram a CPI.
Pressionado a dar explicações sobre sua atuação no caso, o ministro chamou Tebet de “descontrolada”. Senadores consideraram a declaração machista e o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), pediu que o ministro passasse da condição de testemunha para investigado antes de encerrar a sessão.
Entenda o motivo que levou o ministro da CGU a depor na CPI
O ministro da CGU precisou depor na comissão pois a Controladoria tem a função de detectar irregularidades e casos de corrupção no governo federal. Inicialmente, a CPI buscava falar dos repasses de recursos federais a estados e municípios.
Questões que senadores que apoiam o governo tentaram explorar para desviar o foco das denúncias envolvendo o Ministério da Saúde.
No entanto, Rosário começou a ser questionado pelos senadores de oposição sobre o motivo de não ter agido para interromper o contrato de compra da Covaxin.
O contrato tinha indícios de propina e superfaturamento, mas só foi cancelado pelo Ministério da Saúde depois que as denúncias vieram a público.
Acusado de omissão e prevaricação no caso, o ministro negou o superfaturamento na negociação e afirmou que só soube de problemas envolvendo a empresa Precisa Medicamentos, que intermediou o acordo, por meio da imprensa em junho deste ano.
Tumulto na CPI
A reposta do ministro da CGU não agradou os parlamentares. Ao longo do depoimento, os integrantes da CPI apontaram que a CGU já tinha informações sobre a atuação do lobista Marconny Albernaz de Faria, da Precisa Medicamentos, desde outubro de 2020.
Segundo os senadores, Rosário tinha como saber, mas não tomou nenhuma providência sobre o caso. O ministro se defendeu dizendo que as apurações levam tempo e envolvem investigações sob sigilo.
Durante as repostas, senadores chamaram Rosário, diversas vezes, de “petulante” e “arrogante”. O próprio presidente da CPI, Omar Aziz, chamou o ministro de “petulante pra caralho” em áudio captado por um microfone que Aziz imaginava estar desligado.
Em outro momento, o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) pediu a Rosário respeito com o Senado e que “baixasse a bola”. Durante o tumulto que causou o encerramento da sessão, o senador Otto Alencar (PSD-BA) chamou o ministro de “moleque” e “descarado”.
Outros pontos da sessão
Antes do depoimento do ministro Wagner Rosário, a CPI exibiu um vídeo de Jair Renan Bolsonaro, filho mais novo do presidente da República, em que ele mostra armas de fogo e escreve a frase “Alô, CPI”.
Jair Renan depois declarou que as armas era “de brinquedo”. O senador Omar Aziz o chamou de “marginal” e disse que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), prometeu tomar medidas cabíveis.
*Com informações do Nexo Jornal