DESCONFIANÇA

Ministro da Justiça pede para PF investigar institutos de pesquisa

Em publicação nas redes sociais, Anderson Torres afirma que pedido atende à representação recebida pela pasta

Foto ilustrativa: divulgação - PF

O ministro da Justiça e Segurança Pública Anderson Torres afirmou nesta terça-feira que pediu à Polícia Federal (PF) a abertura de um inquérito para apurar “a atuação dos institutos de pesquisas eleitorais”. O ministro afirmou que o pedido de apuração foi recebido pela própria pasta e que apontou “condutas que, em tese, caracterizam a prática de crimes” por alguns institutos.

“Acabo de encaminhar à #PF, pedido de abertura de inquérito sobre a atuação dos institutos de pesquisas eleitorais. Esse pedido atende a representação recebida no #MJSP , q apontou “condutas que, em tese, caracterizam a prática de crimes perpetrados” por alguns institutos”, escreveu o ministro nas redes sociais.

Os institutos de pesquisas foram alvos de críticas pelas divergências entre os números apresentados na véspera da eleição e os resultados das urnas. Na última pesquisa Datafolha, divulgada no sábado, Jair Bolsonaro aparecia com 36% dos votos válidos. Pela margem de erro, poderia ter de 34% a 38%.

Já a pesquisa Ipec mostrava Bolsonaro com 37%. Pela margem de erro, ele teria de 35% a 39%. Nas urnas, Bolsonaro teve 43,2% dos votos, de quatro a cinco pontos acima da margem de erro máxima nas duas pesquisas.

Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, aparecia com 50% dos votos válidos no Datafolha divulgado na véspera da eleição. Pela margem de erro, tinha de 48% a 52%.

A pesquisa Ipec indicava Lula com 51% dos votos. Na margem de erro, teria entre 49% e 53%. Nas urnas, Lula conquistou 48,43% dos votos, dentro da margem do Datafolha, e um pouco fora da margem do Ipec.

Os institutos avaliam que a diferença entre as projeções e os resultados finais tenha ocorrido, principalmente, por um movimento de migração de votos na rede final. Na disputa presidencial, o fluxo ocorreu, segundo o Ipec e Datafolha, de indecisos e eleitores de Simone Tebet (MDB) e Ciro Gomes (PDT) para Jair Bolsonaro, em uma espécie de posicionamento anti-Lula.

Os levantamentos já indicavam uma maior propensão dos apoiadores de Ciro e Tebet a mudarem o voto, na comparação com os grupos fiéis aos dois candidatos que passaram para o segundo turno.

Houve, também, divergências espalhadas pelos estados. Foi o caso da disputa pelo governo de São Paulo, onde Tarcísio de Freitas (Republicanos) ficou à frente de Fernando Haddad (PT) — uma inversão entre o primeiro e o segundo.

A reeleição em primeiro turno do governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), também não estava prevista, embora ele sempre estivesse na frente das pesquisas.

Em São Paulo, parte da explicação, segundo os institutos, está no elevado percentual de eleitores indecisos que ainda havia na véspera da eleição – 39% na pesquisa espontânea, segundo o Datafolha – e na absorção por Tarcísio de votos que estavam com Rodrigo Garcia (PSDB), que desidratou.

Outra hipótese é a de que o eleitor bolsonarista esteja subrepresentado nas amostras. O fenômeno ocorreria porque o grupo, supostamente, se recusaria mais a dar entrevistas do que o grupo de eleitores de outros candidatos.