Ministro do Turismo diz que é ‘maior interessado’ em esclarecer casos de laranjas
No final de abril, a Polícia Federal fez buscas em gráficas e na sede do PSL em Belo Horizonte, para apurar as denúncias
O ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, voltou a repetir a expressão que tem usado desde vieram à tona as denúncias sobre um suposto esquema de candidaturas laranja no PSL de Minas Gerais, durante a campanha de 2018.
“Como sempre, tranquilo, sem absolutamente nenhuma preocupação em relação às minhas atitudes, aos meus atos a frente do partido aqui em Minas Gerais”, afirmou o ministro. Ele era o presidente da legenda em MG, na época.
No final de abril, a Polícia Federal fez buscas em gráficas e na sede do PSL em Belo Horizonte, para apurar as denúncias.
Segundo a PF, não foram encontrados vestígios de que as gráficas tenham prestado serviço para as candidatas laranja do partido.
Uma dessas empresas visitadas pela PF, mesmo tendo emitido notas fiscais nas eleições de 2018, não funcionava havia mais de dois anos, segundo a investigação.
Questionado pela Folha de S.Paulo sobre as investigações e o que foi apurado até o momento, o ministro respondeu que “não iria entrar no mérito”.
“A Polícia Federal já está à frente do caso, já está apurando os fatos, que avance, sim, nas investigações. É tudo o que eu quero. Acho que eu sou o maior interessado que tudo se esclareça o mais rápido possível. Mas estou com a consciência absolutamente tranquila em relação aos meus atos a frente do PSL em Minas”, afirmou.
A fala foi feita nesta segunda-feira (13), antes de um evento sobre turismo e gastronomia, na Assembleia Legislativa de Minas Gerais. No domingo, em entrevista à rádio Bandeirantes, o presidente Jair Bolsonaro comentou o caso e disse que “se tiver algo robusto no meio dessas denúncias, tem que tomar providências”.
“A declaração do presidente é a declaração de um homem correto, justo, que trabalha ao lado da verdade. Eu concordo com a declaração dele, acho que ninguém pode ser pré-julgado, com antecedência, então deixa as investigações correrem. Eu confio plenamente no trabalho da Polícia Federal, é uma instituição das mais sérias que temos no país”, afirmou a jornalistas.
Álvaro Antônio disse que não teria motivos para deixar o ministério porque tem sua consciência tranquila. Segundo ele, na época da campanha, quando teriam ocorrido as irregularidades, ele estava “sobrecarregado” rodando o estado e conduzindo a campanha presidencial em MG.
O caso das candidaturas laranja de mulheres no PSL de Minas Gerais foi revelado pela Folha de S.Paulo em fevereiro. O esquema direcionava verbas públicas de campanha para empresas ligadas ao gabinete de Álvaro Antônio na Câmara dos Deputados. As denúncias levaram a queda do ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno, que era presidente nacional do PSL.
Segundo cálculo da PF, enquanto o custo médio de um candidato eleito é de cerca de R$ 10 por voto obtido, as candidatas, com votação inexpressiva, chegaram a gastar R$ 300 por voto. Para a polícia, trata-se de indicativo de que os recursos não foram gastos com a campanha.
O esquema está sendo investigado pela Polícia Federal em Minas Gerais e pelo Ministério Público em Minas e em Pernambuco. Na manhã desta segunda, a PF ouviu Alê Silva, uma das candidatas do PSL, que disse ter sido ameaçada por Álvaro Antônio por denunciar o esquema.
“Já disse e repito, em relação a isso tenho minha consciência absolutamente tranquila. Nunca sentei com nenhuma
dessas meninas para tratar qualquer tipo dessa situação, nunca orientei nenhum tipo de assessor a fazer. O caso está nas mãos da Polícia Federal, a gente tem profunda confiança, profundo respeito no trabalho da polícia”, respondeu o ministro.
TURISMO EM MG
Álvaro Antônio também defendeu o projeto para transformar a Embratur (Instituto Brasileiro de Turismo) em agência. Atualmente, ela funciona como autarquia. A mudança depende de aprovação no Congresso.
Na agenda em Minas Gerais, onde foi o deputado federal mais votado em 2018, o ministro se reuniu com o instituto Sebastião, que trabalha com moradores de Macacos, distrito de Nova Lima, na região metropolitana de Belo Horizonte.
O local, que tem o turismo como uma de suas principais fontes de renda, perdeu público desde que uma barragem da Vale teve o nível de risco elevado em fevereiro.
O ministro também comentou sobre a possibilidade de instalar um trem que saia da praça da Estação, em Belo Horizonte, e siga até o museu de Inhotim, em Brumadinho.
A ideia seria movimentar o turismo na cidade, onde ocorreu o rompimento de uma barragem da Vale, em janeiro, deixando 238 mortos e 32 desaparecidos, até o momento.
“Agora está em fase de construção da viabilidade deste projeto, que vai transportar praticamente dois mil passageiros por dia, ida e volta para Brumadinho, que precisa ter sua economia diversificada para não estar dependendo apenas da Cfem (royalty da mineração)”, disse ele.