Moradores usam baldes para cavar lama e retirar corpo de grávida no Grande Recife
As fortes chuvas que atingiram o Recife, elevaram o nível do rio Beberibe e causaram…
As fortes chuvas que atingiram o Recife, elevaram o nível do rio Beberibe e causaram deslizamentos também fizeram estragos na região metropolitana da capital pernambucana.
Uma das situações mais críticas é a do bairro Caeté, na cidade de Abreu e Lima, no Grande Recife. Ao menos três casas foram soterradas em deslizamento de terra.
A lama chegou à altura do joelho. Bombeiros usaram escavadeiras e dezenas de moradores tentaram com baldes remover a lama para resgatar o corpo de uma grávida, que é uma das 12 mortes confirmadas até o momento pelo governo pernambucano.
Em um dos imóveis soterrados, dos cinco presentes, só uma mulher de 39 anos sobreviveu. Em outro, houve uma vítima fatal; o terceiro estava vazio.
Durante o dia, moradores carregam caixas de isopor com marmitas para distribuir na comunidade que dá suporte aos resgastes.
Maria Eduarda da Silva, 21, estava grávida de 8 meses. O bebê nasceria em agosto.
Moradores passaram tirando a lama com balde para achar o corpo dela junto à bombeiros e cães farejadores. “Eu resgatei a irmã dela de 18 anos que encontrei de cabeça para baixo, foi levada para o hospital mas não sobreviveu”, disse o morador Carlos Henrique Carvalho.
A Apac (Agência Pernambucana de Águas e Clima) emitiu um alerta para chuvas moderadas ou fortes no Recife nas próximas 24 horas. A Defesa Civil do Recife está de plantão e pode ser acionada através do telefone 0800-0813400.
Família soterrada
Sete pessoas da mesma família, sendo uma delas uma criança de dois anos, ficaram soterradas por cerca de uma hora depois que a casa onde estavam desabou em deslizamento de terra no bairro de Nova Descoberta, na zona norte de Recife.
Vizinhos conseguiram resgatar todos com vida por volta das 4h30 desta quarta. Quatro das vítimas com ferimentos foram socorridos –dois deles, atendidos da UPA, foram liberados.
Luana Vitória Lima do Nascimento e a filha Carla Maria do Nascimento ainda permaneciam no Hospital da Restauração até o início desta tarde –a instituição não informou o estado de saúde, mas vizinhos, em contato com elas, dizem que as duas estão bem, em observação.
Moradores afirmam saber que a área apresenta perigo. “Eles sabem do risco, mas não têm outra opção. Já vi muita tragédia aqui, na década de 90 morreram 11”, diz a moradora Katia Cristina Gomes.
A vizinha Rosecleide Maria da Silva conta que ouviu o barulho da barreira caindo em cima da casa e os gritos de socorro por volta das 4h. “Os bombeiros só chegaram depois de tudo”.
O marido dela foi um dos que ajudaram a socorrer. Os residentes da casa ao lado da que foi soterrada estão desocupando o imóvel que teve a parede derrubada. Mizani Viana morava na outra casa do lado da que foi soterrada também e já está abrigada na vizinha porque o imóvel corre risco de cair. “Comprei a casa por R$ 30 mil há um mês porque não sabia que tinha esse risco, não falaram das mortes no passado”.