JUSTIÇA

Moraes afasta delegado de inquérito que investiga interferência de Bolsonaro na PF

Decisão de ministro do Supremo ocorre após apuração contra atos do atual diretor da corporação

STF dá 15 dias para PF elaborar relatório que diz se Bolsonaro vazou dados sigilosos
Insulto a Moraes em clube de SP vira inquérito sigiloso e tem silêncio de envolvidos (Foto: Divulgação)

O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), afastou o delegado Felipe Leal da condução do inquérito que apura a veracidade das acusações do ex-ministro Sergio Moro de que o presidente Jair Bolsonaro violou a autonomia da Polícia Federal para tentar proteger familiares e aliados.

O magistrado afirmou que o delegado da PF extrapolou suas funções ao investigar atos do atual diretor-geral da corporação, Paulo Maiurino, e determinou sua remoção do caso.

A decisão ocorre após Leal pedir dados relativos à decisão de Maiurino de retirar Alexandre Saraiva da chefia da superintendência da PF do Amazonas.

“Não há, portanto, qualquer pertinência entre as novas providências referidas e o objeto da investigação”, afirmou Moraes.

O ministro afirma que o inquérito foi aberto a pedido da PGR (Procuradoria-Geral da República) logo após Sergio Moro pedir demissão do Ministério da Justiça sob o argumento de que teria sido contrário à iniciativa de Bolsonaro de interferir nos trabalhos da PF a fim de blindar parentes que eram alvo de investigação.

As medidas adotadas por Leal em relação a Maiurino, segundo Moraes, “não estão no escopo desta investigação”, uma vez que o atual diretor-geral assumiu o posto “após os fatos apurados no presente inquérito e sem qualquer relação com o mesmo”.

Além da substituição de Saraiva, o delegado também requisitou informações sobre a nãopromoção de cargo do delegado Franco Perazzoni, delegado que comandou a operação Akuanduba, que fez buscas em endereços do então ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, em maio.

Ele tinha sido escolhido para ser o chefe da área de Combate ao Crime Organizado na superintendência em Brasília, mas foi barrado pela direção, logo após a ação ser deflagrada. Além de não ser promovido, ele foi dispensado do cargo que ocupava.

Já as mudanças na Superintendência do Amazonas ocorreram logo após Maiurino assumir a chefia da PF.

Ele retirou Saraiva do posto logo após o delegado apresentar uma notícia-crime contra Salles ao Supremo.

Felipe Leal era o chefe do setor da polícia responsável pelos inquéritos em curso no Supremo e foi retirado do cargo logo que Maiurino assumiu o comando da corporação. Em julho, porém, Moraes determinou que ele continuasse à frente do inquérito que apura a interferência de Bolsonaro na PF. Agora, foi retirado da condução do caso.