Lavagem de dinheiro

Moraes cita indícios de que desvio de presentes ocorreu por ‘determinação de Bolsonaro’

Ministro afirmou em decisão que valores obtidos com compras de presentes 'ingressavam no patrimônio pessoal do ex-presidente da República'

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que dados “indicam a possibilidade” de que o esquema de desvio de presentes recebidos pela Presidência da República ocorreu por “determinação de Jair Bolsonaro”.

A afirmação está na decisão em que Moraes autorizou mandados de busca e apreensão cumpridos nesta sexta-feira em endereços do general do Exército Mauro César Lourena Cid, pai do ex-ajudante de ordens do Mauro Cid; do tenente do Exército Osmar Crivelatti, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e do advogado Frederick Wassef, que já defendeu o ex-presidente e seus familiares.

“Assim, destaca a Polícia Federal que (a) os dados analisados indicam a possibilidade de o Gabinete Adjunto de Documentação Histórica do Gabinete Pessoal da Presidência da República (GADH/GPPR) – órgão responsável pela análise e definição do destino (acervo público ou privado) de presentes oferecidos por uma autoridade estrangeira ao Presidente da República – ter sido utilizado para desviar, para o acervo privado do ex-Presidente da República, presentes de alto valor, mediante determinação de Jair Bolsonaro”, afirma o ministro na decisão.

O ministro diz que a Polícia Federal (PF) identificou que valores obtidos com a venda dos presentes “eram convertidos em dinheiro em espécie e ingressavam no patrimônio pessoal do ex-Presidente da República, por meio de pessoas interpostas e sem utilizar o sistema bancário formal, com o objetivo de ocultar a origem localização e propriedade dos valores”.

Na decisão, Moraes afirma também que há indícios de que Bolsonaro e quatros auxiliares — Mauro Cid, Marcelo Câmara, Osmar Crivellati e Marcelo da Silva Vieira — “atuaram para desviar presentes de alto valor recebidos em razão do cargo pelo ex-Presidente da República e/ou por comitivas do governo brasileiro, que estavam atuando em seu nome, em viagens internacionais, entregues por autoridades estrangeiras, para posteriormente serem vendidos no exterior”.