Morreu por complicações da covid-19 Maria Augusta dos Anjos, de 51 anos, que, em 2008, recebeu um coração transplantado de Eloá Cristina Pimentel, que foi mantida refém e acabou sendo morta pelo ex-namorado Lindemberg Fernandes, em São André, na região metropolitana de São Paulo.
A morte dela foi confirmada ao UOL pela sobrinha dela, Jeanne Carla Rodrigues, de 39 anos. Ela estava internada no Hospital Santa Terezinha, em Parauapebas, no Pará.
“Ela já era grupo de risco e há mais ou menos um ano vinha apresentando piora renal em decorrência dos remédios do transplante. Ela tinha que fazer exames com frequência, então não sabemos se ela pegou covid em uma das consultas e exames ou de algum familiar.
Augusta estava em tratamento à covid há cerca de um mês, inicialmente em tratamento domiciliar. “No dia 25 de abril ela ficou com muita falta de ar, ai as minhas tias levaram ela para o hospital, onde ficou internada e no dia 27 ficou com muita falta de ar e a oxigenação caiu para 50 ou 60% de saturação, e o normal é de 94 a 100%.”
Antes de ser internada no hospital Santa Terezinha, a família a levou até outra unidade onde, segundo a família, Maria não foi aceita pois não havia passado pela triagem na UPA.
“Só que ela não tinha tempo, estava com a oxigenação muito baixa e a qualquer momento poderia ter uma parada cardíaca. Eu calculei uma meia hora que ela tinha. Com isso minha família correu com ela para o hospital Santa Terezinha. Era o único hospital que tinha UTI vaga, a médica do Pronto Socorro nem quis nos receber e disse: ‘então sobe com ela para UTI agora que ela vai precisar intubar’ “, conta a família.
Em 27 de abril, Maria foi intubada e o quadro de saúde foi se agravando.
“Ela já estava sem um rim, porque tomava 11 remédios por causa do transplante, e o rim que ela tinha vinha apresentando falha. Ela teve que dialisar lá na UTI, e as drogas que faziam o coração bater tiveram que ser aumentadas. No segundo ou terceiro dia de diálise ela não suportou a diálise porque a pressão caiu demais. Teve arritmia e ontem no finalzinho do dia o hospital ligou para informar minha família que ela tinha falecido”, diz.
Nas redes sociais, Jeanne fez uma homenagem à tia (veja abaixo). “Ela viveu da melhor forma que podia e todos nós, unidos, ao longo desses 51 anos, proporcionamos os melhores momentos e as melhores coisas pra ela, por ela e com ela. Desde um simples caribé até carregar para uma consulta ou prover bens materiais e dinheiro para garantir seu sustento e alegria. Foram muitas noites sem dormir, muitas preocupações”, observou a sobrinha nas redes sociais.
Maria Augusta, a paciente que recebeu o órgão de Eloá, sofria de cardiopatia congênita e descobriu que precisaria de um transplante em 2006. Ela veio do Pará a São Paulo em janeiro de 2007, e esperava pelo transplante desde então. Ela não estava no topo da fila de espera, mas se enquadrou em todas as características médicas para receber o órgão de Eloá.
Além do coração, dos rins e do pâncreas, foram doados também os pulmões, o fígado e as córneas da adolescente.
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