CLIMA

Mortes em ‘nevasca do século’ nos EUA sobem para 47, e governadora compara situação a zona de guerra

O clima extremo provocou temperaturas abaixo de zero em 48 dos 50 estados americanos

A onda de frio mais rigorosa em décadas nos Estados Unidos já deixou ao menos 47 mortos desde a semana passada, segundo a agência de notícias AFP. No estado de Nova York, onde morreram 25 das vítimas, a governadora Kathy Hochul reforçou pedidos para que as pessoas permaneçam em casa e alertou que a tempestade, chamada por ela de “nevasca do século”, pode estar longe de acabar.

Em Buffalo, cidade localizada a oeste de Nova York, corpos foram encontrados dentro de veículos e sob pilhas de neve. A neve acumulada chegou a 2,4 metros em algumas regiões, e os serviços de emergência tiveram dificuldades para chegar às áreas mais afetadas.

“É como ir para uma zona de guerra”, afirmou Hochul, acrescentando que a situação continua perigosa e ainda oferece risco de vida aos moradores da região.

O aeroporto internacional da cidade permanecerá fechado até ao menos esta terça (27), e uma proibição de dirigir permanece em vigor para todo condado de Erie, onde está localizada a metrópole Buffalo.

Mais de 200 mil pessoas em vários estados despertaram sem energia elétrica na manhã de Natal. Outras tiveram de mudar os planos de viagens, embora a intensa tempestade tenha mostrado sinais de alívio.
De acordo com boletim divulgado pelo Serviço Meteorológico Nacional (NWS, na sigla em inglês), grande parte do leste dos EUA “permaneceria congelado nesta segunda, antes que se estabeleça uma tendência de moderação a partir de terça”.

O clima extremo provocou temperaturas abaixo de zero em 48 dos 50 estados americanos no fim de semana, o que impactou viajantes devido aos milhares de voos cancelados e isolou moradores em casas cobertas de gelo e neve.

Pelo menos 47 mortes relacionadas às condições climáticas foram confirmadas em nove estados, incluindo 25 no estado de Nova York. As autoridades, porém, já admitem que o número deve aumentar.
“Estamos diante de um evento que será comentado durante gerações”, disse Hochul, acrescentando que a brutalidade da onda de frio superou a da tempestade de neve histórica da região, em 1977, na “intensidade, duração e ferocidade dos ventos”.

Antes, o NWS havia advertido que as condições de nevasca na região dos Grandes Lagos, no oeste de Nova York, continuariam no domingo, com “acúmulos de neve adicionais”, de quase um metro e meio.
Um casal em Buffalo, do outro lado da fronteira com o Canadá, disse à agência de notícias AFP que, com as estradas completamente intransitáveis, não fariam a viagem de 10 minutos para ver sua família no Natal.

“É difícil, porque as condições são muito ruins […] Muitos departamentos de bombeiros nem enviam caminhões para responder as chamadas”, disse Rebecca Bortolin, 40.

A tempestade provocou o cancelamento de quase 3 mil voos no domingo (25), além de cerca de 3,5 mil no sábado e quase 6 mil na sexta-feira, segundo o site especializado FlightAware. E, nesta segunda-feira, mais cerca de mil voos foram cancelados, acrescentou o site. Os aeroportos mais afetados foram os de Atlanta, Chicago, Denver, Detroit e Nova York.

O gelo nas estradas também levou ao fechamento temporário de algumas das vias mais movimentadas do país, incluindo a Interestadual 70, que atravessa boa parte dos Estados Unidos de leste a oeste.

O clima extremo afetou severamente as redes elétricas, com vários fornecedores de energia pedindo à população que reduza o uso para minimizar os apagões em lugares como Carolina do Norte e Tennessee.
Em determinado momento no sábado (24), quase 1,7 milhão de clientes em todo país ficaram sem energia, de acordo com Poweroutage.us. Esse número caiu substancialmente na noite de domingo, embora mais de 50 mil usuários nos estados do leste ainda estivessem sem energia.

O Canadá também foi afetado pela tempestade, e todas as províncias tinham alertas meteorológicos. Acredita-se que um acidente de ônibus na Colúmbia Britânica no fim de semana, com quatro mortos e 53 feridos, tenha sido causado pelo gelo nas estradas.

Centenas de milhares de pessoas ficaram sem energia em Ontário e em Québec, e os aeroportos de Vancouver, Toronto e Montreal tiveram voos cancelados.