Motorista BMW que atropelou PM em Brasília é absolvido de tentativa de homicídio
Na sentença, o juiz destacou que, embora o veículo de Raimundo tenha resvalado nas pernas de um dos policiais, o contato foi "superficial" e não teve o objetivo de ferir o agente
O Tribunal do Júri de Brasília absolveu, na segunda (12), o motorista de uma BMW que, em outubro do ano passado, furou uma blitz policial e atropelou um agente da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF). A decisão, do juiz Paulo Rogério Santos Giordano, gerou polêmica, especialmente devido à morte do passageiro do veículo, Islan da Cruz Nogueira, baleado pelos policiais durante a tentativa de fuga.
O caso, que repercutiu nacionalmente, foi analisado pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), que concluiu que não houve intenção de matar por parte do motorista, resultando na desclassificação do crime de tentativa de homicídio. Segundo o MPDFT, as ações de Raimundo, embora extremamente arriscadas e reprováveis, não configuraram um crime doloso contra a vida, mas sim lesão corporal, desobediência e embriaguez ao volante.
Na sentença, o juiz Giordano destacou que, embora o veículo de Raimundo tenha resvalado nas pernas de um dos policiais, o contato foi “superficial” e não teve o objetivo de ferir o agente. “O para-choque dianteiro tocou levemente as pernas do policial com o claro propósito de que ele se afastasse, permitindo a fuga. O policial assim o fez, e o contato superficial não foi capaz de empurrá-lo, muito menos de derrubá-lo”, afirmou o magistrado.
Testemunhas do processo confirmaram que Raimundo tentava escapar da blitz e não tinha a intenção de atingir os policiais. Para o juiz, a atitude do motorista, embora irresponsável, não configurou tentativa de homicídio, mas outros crimes que serão julgados em outra instância.
A decisão de absolver Raimundo Cleofás da acusação de tentativa de homicídio gerou alívio para sua defesa, que lamentou o período em que o empresário passou detido. “É lamentável que Raimundo Cleofás tenha sido privado de sua liberdade por um período tão longo, apenas para, ao fim, ter sua inocência reconhecida em relação ao crime mais grave de que foi acusado”, afirmaram seus advogados, Wilibrando Albuquerque e Walisson dos Reis.
Morte na blitz
O caso teve um desfecho trágico com a morte de Islan da Cruz Nogueira, de 24 anos, que estava no banco do passageiro da BMW. Durante a operação “Álcool Zero”, os policiais atiraram contra o veículo após a tentativa de fuga, e Islan foi atingido, morrendo ainda no local. A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) abriu dois inquéritos para investigar o caso: um sobre a morte de Islan e outro sobre as ações de Raimundo.
Com a sentença de hoje, Raimundo Cleofás não responderá por tentativa de homicídio, mas seguirá sendo processado por outros crimes relacionados ao incidente, como lesão corporal e embriaguez ao volante.