Acidente

Motorista de ônibus que caiu que de viaduto fugiu por medo, diz delegado

"Ele se sentiu acuado e resolveu fugir. Essa é a versão dele", disse o delegado que acompanha o caso

O motorista do ônibus que caiu de um viaduto na BR-381, na última sexta-feira (4), fugiu do local porque ficou com medo da reação das pessoas em volta, segundo o delegado Paulo Tavares, responsável pelo inquérito do caso. O acidente, ocorrido em João Monlevade, deixou 19 mortos.

“Ele fugiu porque, segundo ele, ficou com medo. Porque muitas pessoas que paravam no local, alguns outros motoristas, estavam procurando por ele, querendo saber ‘cadê o motorista?’. Então ele se sentiu acuado e resolveu fugir. Essa é a declaração dele”, disse Tavares em coletiva.

Segundo o delegado, o motorista se apresentou voluntariamente à Polícia Civil, acompanhado de um advogado, e chorou durante o depoimento que durou cerca de três horas. Tavares explicou que o depoimento contém muitas partes sigilosas, que não foram reveladas para não prejudicar o andamento das investigações.

O delegado afirmou que o motorista alegou que houve uma “falha técnica”. “Segundo ele, e isso vai ser confirmado posteriormente através das provas periciais e testemunhais, foi uma falha técnica. Ele esclarece que houve um problema no freio do ônibus. Ele explicou a situação do reparo que foi feito [durante a viagem]. A princípio, a parada para consertar o problema não tem nenhuma relação com o acidente. O sinal de pane foi na hora do acidente”, explicou Tavares.

Para a polícia não existe, neste momento, a necessidade de ser expedido um mandado de prisão contra o motorista. Para o delegado “o depoimento dele condiz com uma certa lógica com os outros depoimentos e alguma situações que conseguimos apurar. Não há divergência gritante. Novas diligências vão ser realizadas, nós temos bastante trabalhos pela frente”, finalizou.

A perícia aguarda resultado de análises para saber se houve alguma falha no veículo que tenha ocasionado o acidente. Uma sobrevivente afirmou que o motorista perdeu a frenagem, não fez nenhum alerta aos passageiros e largou a direção para pular do ônibus. Ainda não há informações sobre a velocidade em que ele trafegava na rodovia.

A altura da queda foi de aproximadamente 35 metros, próximo ao entroncamento com a BR-262, sobre a linha da Estrada de Ferro Vitória a Minas, e próximo ao rio Piracicaba. O ônibus saiu de Mata Grande, em Alagoas, e ia para São Paulo.

Em nota, a ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) informou que a empresa JS Turismo, dona do veículo, não tinha autorização para transportar passageiros.

Filha de representantes da Localima é ouvida

Além do motorista do ônibus também foi ouvida hoje a filha dos proprietários da empresa Localima. Ela apresentou um documento que comprova um contrato de arrendamento do veículo entre a Localima e a JS Turismo. Entretanto, o delegado afirmou que a mulher não soube responder quase nenhuma pergunta já que os donos da Localima são os pais.

“Ela alega que não conhece muito bem os trâmites da empresa e quem conduz é a mãe, o pai e os irmãos. Durante a oitiva, ela teve um mal-estar e foi atendida por um médico da Polícia Civil, então resolvemos encerrar o depoimento dela até porque ela não trouxe muita qualidade no depoimento. Ela está prestando um auxílio às vítimas. Ela não soube responder quase nada. Nós precisamos da oitiva dos representantes legais da Localima”, acrescentou.