Promotores do Ministério Público, através do Grupo Especial de Controle Externo da Atividade Policial (GCEAP), ofereceram denúncia contra três integrantes da Polícia Civil e um subtenente da Polícia Militar de Goiás pelo crime de concussão – quando o servidor público, em razão do cargo, exige vantagem indevida. O crime ocorreu em 2013, quando os policiais civis Wesley Rafael de Oliveira, Hugo Schetini Júnior, o escrevente Jeferson Rodrigues de Souza e o policial militar Valter Peixoto Lima, exigiram do traficante Ademilson Silva a quantia de R$ 50 mil para a liberação de um ônibus carregado de drogas vindo do Paraguai.
A ação contou ainda com o auxílio do traficante Adelvan Macedo de Paula, integrante de associação criminosa, que também foi denunciado pelo crime de concussão. Ao todo, são duas denúncias, uma encaminhada à Justiça Militar e outra para a Comum.
As investigações foram iniciadas pela Policia Civil do Distrito Federal e culminaram com a deflagração da denominada Operação Prospector, que apurou a atuação de uma associação dedicada ao tráfico de drogas com atuação nas cidades de Foz do Iguaçu (PR), Goiânia, Brasília e no Estado da Bahia. Segundo apurado, o traficante Ademilson Silva, integrante da associação criminosa, usava um ônibus para transportar drogas, que eram colocadas em um compartimento oculto do veículo, localizado no eixo de rodas traseiro.
Para evitar suspeitas, o traficante ainda cooptava pessoas para ir até a cidade de Foz do Iguaçu e realizar compras diversas, funcionando, como um “agente de viagens”, arcando, inclusive, com as despesas de viagem dos interessados, como alimentação e hospedagem.
As excursões, semanalmente realizadas, seguiam uma dinâmica padrão: o ônibus deixava a cidade de Goiânia e seguia até a cidade de Foz do Iguaçu, onde, a partir de um contato por lá estabelecido, as drogas eram recebidas e alocadas no compartimento oculto. De lá, o veículo retornava a Goiânia, para, enfim, redistribuir a droga.
Envolvimento de policiais
Os entorpecentes abasteciam uma complexa rede do tráfico de drogas sobretudo em Brasília, onde o denunciado Adelvan de Paula, também integrante da associação criminosa, os difundia. Assim, nas interceptações telefônicas realizadas durante as investigações, verificou-se o envolvimento dos agentes de Polícia Civil, bem como do policial militar Valter Lima na cobrança de valores para liberar o veículo com as drogas.
Segundo a denúncia, no dia 28 de setembro de 2013, no Setor Jardim Novo Mundo, nas imediações da 19ª Delegacia de Polícia de Goiânia (onde os policias civis envolvidos cumpriam, à época, expediente), os denunciados abordaram o veículo, cuja chegada a Goiânia já havia sido informada a Adelvan.
Assim que a abordagem ocorreu, teve início a negociata entre Adelvan, que simulava estar auxiliando o traficante Ademilson a intermediar a situação, mas, na verdade, iria ser pago pelos policiais. Após um breve debate, que foi liderado pelo denunciado Jeferson Rodrigues, o pagamento definido para a liberação do veículo foi de R$ 50 mil, sendo que R$ 40 mil seriam pagos na ocasião e o restante seria entregue posteriormente. No dia 30 de setembro, Adelvan e o policial Wesley trocaram diversos telefonemas para combinar a entrega do restante do valor, que seria partilhado entre os denunciados.
Em relação ao policial militar Valter Peixoto Lima, a denúncia foi feita perante a Justiça Militar, também pelo crime de concussão.
O GCEAP propôs ainda ação de improbidade administrativa contra os policiais civis e o policial militar envolvidos. Foi requerida a condenação dos réus às sanções previstas no artigo 12, da Lei de Improbidade Administrativa, que prevê a perda dos bens acrescidos ilicitamente, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos, pagamento de multa e proibição de contratar com o poder público. (Com informações do MP-GO)