MP-RJ denuncia três pessoas pelo homicídio do congolês Moïse
No documento, o MP denuncia os três por homicídio, ressaltando que o congolês foi agredido com crueldade, como se fosse “um animal peçonhento”
O Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ), ofereceu denúncia contra três pessoas pela morte do congolês Moïse Kabagambe no quiosque Tropicália, na Barra da Tijuca. O órgão pediu a prisão preventiva de Fábio Pirineus da Silva, Aleson Cristiano de Oliveira Fonseca e Brendon Alexander Luz da Silva nesta segunda-feira (21).
No documento, o MP denuncia os três por homicídio, ressaltando que o congolês foi agredido com crueldade, como se fosse “um animal peçonhento”. O órgão afirmou ainda que, no dia do crime, os denunciados “com vontade livre e consciente de matar, em comunhão de desígnios e ações entre si, agrediram a integridade corporal”.
Prisão dos suspeitos
Fábio, Aleson e Brendon foram presos na noite do dia 1º de fevereiro. Um dos supostos autores é vendedor de caipirinhas na praia da Barra. Ele foi detido na Zona Oeste da capital, na casa de parentes e, segundo os agentes, confessou o crime.
Outro suspeito se apresentou na 34ª DP (Bangu) e, em seguida, foi levado para a Delegacia de Homicídios do Rio. Em um vídeo nas redes sociais, ele afirmou que cometeu as agressões contra o refugiado.
O delegado titular da DH-Capital, Henrique Damasceno, afirmou que as prisões temporárias dos três seriam pedidas à Justiça.
Depoimento dos suspeitos
Em depoimento à Polícia Civil, Fábio, Aleson e Brendon negaram que a intenção deles fosse matar Moïse. De acordo com as versões apresentadas por eles, as 30 pauladas desferidas contra o refugiado foram para “extravasar a raiva” que estavam sentindo.
Aleson, que trabalha no quiosque vizinho ao Tropicália, disse aos policiais que o congolês estava diferente nos dias que antecederam o crime. De acordo com o suspeito, ele estava consumindo muitas bebidas alcoólica, ameaçando pessoas de agressão e pedindo para que clientes e quiosques lhe dessem cerveja.
No dia do crime, ele disse que viu Moïse pegando bebidas sem pedir no balcão dele e o repreendeu. Depois disso, a vítima teria tentado pegar cerveja no Tropicália, o que deu início à discussão.
Ainda de acordo com o depoimento, Aleson afirmou que “resolveu extravasar a raiva que estava sentindo; que ainda por conta da raiva que estava sentindo”. Ele pegou o taco de beisebol das mãos de Fábio e agrediu a vítima. No depoimento, ele ainda reconhece que exagerou nas agressões e afirma que ligou para o Samu para que a vítima fosse socorrida.
Tentativa de desqualificar Moïse
De acordo com o advogado que acompanha a família do congolês, Rodrigo Mondego, as versões dadas pelos suspeitos tem o objetivo de desqualificar a vítima.
“Existe uma tentativa de transformar ele na pessoa que gerou o resultado da própria morte. Falar que ele estaria alcoolizado, que estaria alterado”, pontuou.
Rodrigo, que acompanhou a mãe do refugiado durante o depoimento dela na polícia, é da Comissão de Direitos Humanos da OAB e atestou que ele era trabalhador e que estava indo ao quiosque Tropicália para cobrar a remuneração que lhe era devida.
“Moise era trabalhador e ele era remunerado por isso. A polícia ainda tenta descobrir a motivação do crime. Mas Moïse não era uma pessoa bêbada como estão dizendo”, afirmou Mondego ao G1.
Com informações de G1