Programa Habitacional

MRV espera normalização do Minha Casa Minha Vida em março

Operadora espera que o programa habitacional seja normalizado após gargalos na liberação de recursos estrangularem os negócios no começo deste ano

A MRV Engenharia, maior operadora do Minha Casa Minha Vida (MCMV), espera que o programa habitacional seja normalizado em março, após gargalos na liberação de recursos estrangularem os negócios no começo deste ano.

“Tivemos retenção no repasse das unidades em janeiro. Em fevereiro foi melhor. E esperamos que em março seja resolvido e se compense o problema”, disse o copresidente da incorporadora, Eduardo Fisher, em entrevista ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.

O Minha Casa Minha Vida funciona com recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) complementados por subsídios do Tesouro Nacional. O problema está neste último, pois o governo federal restringiu a liberação de recursos a 1/18 do previsto na Lei Orçamentária ao mês. O ritmo normal de liberação é de 1/12 ao mês. Na prática, a medida funciona como uma espécie de contingenciamento, visando a revisão das contas e o controle preventivo. Por sua vez, o FGTS não pode antecipar a parte devida pelo Tesouro, sob o risco de configurar uma pedalada fiscal.

Na quinta, o ministro do Desenvolvimento Regional, Gustavo Canuto, disse, em audiência no Senado, que está ciente dos problemas provocados no Minha Casa Minha Vida e que já solicitou ao Ministério da Economia antecipação de um volume de recursos suficiente para regularizar a situação em março e também para compensar os atrasos de janeiro e fevereiro.

“A equipe econômica é racional, mas tem pouca experiência no executivo. É natural que queiram rever algumas questões”, ponderou Fischer. “A mensagem desta semana foi bastante positiva”, emendou.

O copresidente da MRV acredita que o mercado imobiliário destinado a famílias de baixa renda permanece com uma demanda saudável e que ainda permite expansão dos lançamentos e das vendas neste ano. “Continuo prevendo crescimento em 2019”, afirmou, sem dar meta oficial.

Os lançamentos da MRV devem ser formados por cerca de 85% de unidades dentro das faixas 2 e 3, cerca de 10% na faixa 1,5 e cerca de 5% fora do programa, com financiamentos originados em recursos da caderneta de poupança.

Investimentos

Para 2019, a MRV também pretende acelerar os investimentos na transformação digital. A previsão é que os aportes subam 16%, para aproximadamente R$ 50 milhões neste ano. Um dos focos é a plataforma de comércio eletrônico que reúne eletrodomésticos, móveis e itens de casa diretamente de fabricantes, ofertados com descontos para compradores de imóveis da incorporadora.

Como a MRV produz cerca de 40 mil apartamentos por ano, voltados principalmente para famílias, a base de clientes pode reunir mais de 400 mil pessoas daqui dez anos, estima. A plataforma serve para melhorar a experiência dos consumidores e, futuramente, também será uma fonte de receita e lucro importante, segundo Fischer. “Ainda não monetizo isso, mas no futuro vamos conseguir”, frisou.