Ocupação

MST ocupa sedes do Incra em pelo menos nove estados

Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocupam prédios do Instituto Nacional de…

Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocupam prédios do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em várias unidades da federação. As ocupações integram a Jornada Nacional de Lutas pela Reforma Agrária, evento anual também conhecido por Abril Vermelho, que lembra o massacre de Eldorado do Carajás, no Pará, no qual foram mortos 19 trabalhadores durante uma manifestação, em abril de 1996.

O MST e outras organizações sociais que defendem a reorganização da estrutura fundiária pedem aos governos federal e estaduais a destinação de terras públicas ou improdutivas para programas de assentamento. Segundo o MST, há hoje, no Brasil, cerca de 120 mil famílias de trabalhadores sem terra à espera da distribuição de imóveis rurais desapropriados para fins de reforma agrária por não cumprirem sua função social, conforme estabelece o Artigo 186 da Constituição Federal.

O Incra confirma que, até o horário do almoço, estavam ocupadas as superintendências regionais de nove estados: Ceará, Goiás, Mato Grosso, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Segundo a assessoria do Incra, as medidas cabíveis para a desocupação dos prédios serão adotadas pelas próprias superintendências, conforme a situação e a necessidade.

Além de ocupar prédios do Incra (autarquia federal responsável pela reforma agrária e pelo ordenamento fundiário nacional), os manifestantes também ocuparam fazendas e bloquearam estradas em diversas partes do país. Só em Pernambuco, o MST diz que ocupou propriedades rurais em dez cidades desde o último sábado, quando as ações do Abril Vermelho no estado começaram.

Na capital pernambucana, Recife, integrantes do MST invadiram hoje (17) a sede do Incra, no bairro dos Aflitos. O prédio já tinha sido ocupado em fevereiro, quando o movimento apresentarou ao governo estadual reivindicações, incluindo a desapropriação de fazendas e a concessão de crédito para as famílias.

Em São Paulo, duas grandes áreas foram ocupadas nas primeiras horas da manhã de hoje, incluindo a Fazenda Santo Henrique, da Cutrale, em Borebi, que já foi ocupada em outras ocasiões e que, em 2009, teve laranjais destruídos por sem-terra.

Os manifestantes também criticaram as propostas de reforma trabalhista e da Previdência, principalmente, a Medida Provisória 759, editada em dezembro, com o propósito de facilitar a regularização fundiária em áreas urbanas informais, como favelas e condomínios irregulares. Para o MST, a medida altera em grande medida o regime fundiário e ameaça a reforma agrária no país.

Em Curitiba, cerca de mil manifestantes também montaram um acampamento na Rua Doutor Faivre, em frente à superintendência do Incra, bloqueando o tráfego de veículos. Os manifestantes pedem uma audiência com o superintendente regional do Incra. Em Porto Alegre, além de ocupar o pátio da superintendência do instituto, integrantes do MST vindos de várias regiões do Rio Grande do Sul acabaram por impedir o acesso das pessoas ao prédio do Ministério da Fazenda, que funciona no mesmo endereço.

De acordo com o Incra, mais de 977 mil famílias vivem hoje em 9.340 assentamentos rurais e áreas reformadas por intermédio do Programa Nacional de Reforma Agrária. Segundo o instituto, 137,9 mil famílias permanecem acampadas à espera de assentamento em áreas regularizadas.