Protesto

Mudança no preço do diesel ‘não resolve 100%’ , diz liderança dos caminhoneiros

Segundo uma liderança do movimento, a criação de um mecanismo para segurar a alta do diesel é apenas uma das reivindicações dos caminhoneiros, que estiveram na semana passada com o ministro-chefe da Casa Civil

Uma das lideranças dos transportadores autônomos, o caminhoneiro Wallace Costa da Silva, conhecido como Chorão, disse nesta terça (26) que a mudança na política de preços do diesel é um sinal de que o governo está se mobilizando, mas não resolve todos os problemas da categoria.

Segundo ele, a criação de um mecanismo para segurar a alta do diesel é apenas uma das reivindicações dos caminhoneiros, que estiveram na semana passada com o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni. A principal preocupação, diz, é com o descumprimento da tabela de fretes implantada em 2018. “Queremos uma medida rápida para aumentar a fiscalização”, diz ele. “Com relação ao diesel, que está subindo como subia antes [da greve], tem que arrumar um mecanismo para segurar os aumentos”, completou. Chorão reconhece que a categoria está insatisfeita, mas diz ser contra paralisação neste momento.

Nos últimos dias, começaram a surgir rumores sobre a realização de uma greve como a de 2018, que parou o país por duas semanas. Há uma semana, o presidente Jair Bolsonaro foi às redes sociais anunciar a cobrança por medidas para segurar a alta dos combustíveis. Em 2019, o preço do diesel vendido pela Petrobras já acumula alta de 18,5%, acompanhando a escalada das cotações internacionais do petróleo. Segundo especialistas, a estatal poderia ter feito aumentos maiores, mas optou por operar com defasagem em relação ao mercado internacional.

Nesta terça, a empresa anunciou que os reajustes no preço do diesel terão um prazo mínimo de 15 dias, alterando política de preços implementada em julho de 2017, que autorizava a área comercial da companhia a praticar reajustes diários.

A Petrobras argumenta que a nova política aumenta a previsibilidade para o consumidor e não traz prejuízos, ao prever o uso de mecanismos financeiros de proteção, conhecidos como hedge. A estatal anunciou ainda estudos para o lançamento de cartão que permitirá a compra de diesel a preço fixo em postos da BR.”[A medida] é legal, não resolve 100%”, diz Chorão. Na reunião com Lorenzoni, ele diz ter ouvido do governo que medidas serão tomadas para atender os pleitos. Sua posição contra a greve tem lhe rendido críticas em redes sociais.

Os caminhoneiros autônomos propõem a criação de uma cooperativa para conectá-los diretamente às empresas que contratam os transportes, eliminando a necessidade de intermediários no processo. Segundo Chorão, a ideia está sendo discutida também com o Ministério da Agricultura.