Caso mendigo

Mulher de personal trainer diz ter tido alucinações ao manter relação sexual com sem teto; entenda

A mulher do personal trainer que agrediu um sem-teto ao vê-lo tendo relações sexuais com…

A mulher do personal trainer que agrediu um sem-teto ao vê-lo tendo relações sexuais com a esposa, em Planaltina (DF), disse ter enxergado Deus e o seu próprio marido ao olhar para o homem em situação de rua. A família afirma que a vendedora sofre com problemas psicológicos e “surtou”, e que agora está internada para se tratar. A descrição do caso é compatível com a alucinação.

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Segundo o psiquiatra Adiel Rios, pesquisador no Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP, a alucinação é a percepção de alguma coisa que não existe, mas que parece real. A sensação é criada pela mente da pessoa.

O problema pode alterar e deixar confusos um ou todos os sentidos que quem alucina: visão, tato, olfato, paladar e audição. Isso significa que a pessoa pode ver, ouvir e sentir coisas que não existem.

— A pessoa entra em um delírio, em que acredita fortemente numa ideia irreal, mesmo quando já foi comprovado que não é verdade. São crenças exageradas, irrefutáveis. O paciente tem certeza de algo, mesmo sem nenhuma evidência real disso. Portanto é possível eu mesmo ser o próprio Jesus Cristo ou ver Jesus em outra pessoa — afirma Rios.

O médico explica que as alucinações podem ser causadas por uma disfunção do neurotransmissor dopamina. Ela atua no sistema nervoso central e influencia o humor, as emoções e a atenção.

— A hiperatividade dopaminérgica provocaria agitação, aceleração do pensamento, com produção de crenças e conteúdos irreais, além de alucinações. Neste momento, tudo é possível, até achar que sou um enviado de Deus para salvar o mundo.

As alucinações podem aparecer em pessoas que não sofrem com nenhuma patologia psiquiátrica. No entanto, o quadro é mais comum em pessoas diagnosticadas com esquizofrenia, bipolaridade e depressão. A alucinação poder ser, também, resultado de reações a drogas e medicamentos, síndromes associadas ao estresse, medo, fadiga, perturbações do sono (especialmente sua privação) e infecções (febres), detalha Rios.

Um estudo publicado no British Psychiatry Journal em 2016 resolveu investigar como essas experiências estranhas aparecem em diferentes diagnósticos. Entre as pessoas com transtorno borderline, 13,7% disseram ter alucinado pelo menos uma vez, menos do que os pesquisadores esperavam.

Já entre pacientes com quadros clássicos de depressão e ansiedade, e sem experiências psicóticas, o resultado foi quase igual: 12,6%.

Dos 7 mil entrevistados, 4,3% disseram ter tido alucinações no ano anterior — incluindo as pessoas que não tinham nenhum problema psiquiátrico.