Mulheres estratégicas: esposas de candidatos podem alavancar candidaturas
As mulheres dos candidatos ao Governo de Goiás estão nas ruas em busca de votos.…
As mulheres dos candidatos ao Governo de Goiás estão nas ruas em busca de votos. Se na primeira semana elas estavam deslocadas, agora, no fim do mês, buscam acertar o discurso e conquistar eleitores. Charme, elegância, discrição são algumas das armas.
Algumas delas fazem contas, pensam estratégias, agem junto aos assessores. Outras ainda observam para saber onde pisam. Não é tarefa fácil em uma terra cada vez mais íngreme. Na política, a arte de conquistar o eleitor tem sido testada em seus limites. Nunca se votou tanto em branco e nulo como nos últimos dez anos.
É nessa desesperança que entra a mulher do candidato, cuja força está no contato e olhar mais próximo dos eleitores.
De todas as armas dos políticos, talvez, a mulher seja a mais menosprezada pelas estruturas de campanha. Mas é um erro. Os que perdem sabem que vagaram neste departamento. E os vitoriosos computam os acertos das primeiras damas ao fim dos pleitos.
A mais recente a entrar na disputa é a atual primeira dama, Valéria Perillo, que costuma atuar nos bastidores quando começa um período eleitoral. Estratégica, muda a postura, se concentra no período e modifica a agenda, mirando os municípios menos cobertos pelo marido e aqueles onde sabe que pode exercer influência.
Valéria, bacharel em direito, costuma agir no grupo principal, aquele dos candidatos à vice e senador. Tem o que mostrar: comandou recentes ações sociais, como Bolsa Universitária, programa Meninas de Luz e os restaurantes populares de R$ 1.
Motivadora, argumenta que é uma fã do marido.
Valéria não perde tempo em elogiar o governador Marconi: “Nunca vi político igual. A capacidade de trabalho e dedicação ao que faz chega a ser assustadora”.
A presidente da OVG se junta às duas filhas mais jovens, que se empolgaram agora com a política.
Ana Luísa e Isabella ajudaram ao governador decidir pela candidatura à reeleição. E juntas formam uma tríade motivacional para fazer o marido e pai dormir de madrugada e acordar às 5h para cumprir a agenda e pedir os votos que o fazem liderar a disputa deste ano.
RELIGIOSA
Outra que tem seguido o marido na busca de votos é a assembleiana Izaura Cardoso, esposa de Vanderlan.
Na medida em que o esposo começou sua cruzada para governar Goiás, há cinco anos, ela acelerou seu trabalho nas mídias evangélicas. “Estou firme nesse novo projeto do Vanderlan”.
O propósito é tão verdadeiro que aceitou uma missão do marido: ser uma das dirigentes do PSC em Goiás.
Ao mesmo tempo que atua no partido, ela participa de encontros nas igrejas. E corre para ocupar espaços midiáticos. Dependendo do público, é mais conhecida do que o marido, devido à exposição frequente em rádio, internet e TV.
A predisposição a frequentar o partido dá uma tonalidade diferente, por exemplo, à atuação desempenhada por Valéria Perillo.
Izaura apresenta um perfil de atenção as massas e no momento certo pode ser mais do que a gestora do partido – e talvez candidata. Já Valéria jamais cogitou tal função, tendo um norte mais administrativo na militância social.
A CIRURGIÃ
O petista Antônio Gomide tem na parceria de profissão, a cirurgiã dentista Ana Cláudia Dezzen, uma companheira mais discreta do que as esposas de Perillo e Vanderlan. Mas desde que o marido assumiu a gestão da Prefeitura de Anápolis, há seis anos, ela tem participado mais ativamente dos eventos sociais e políticos.
Ana foi determinante no momento em que Gomide teve que decidir talvez seu maior dilema político até aqui: se afastar da Prefeitura para disputar as eleições de outubro.
No dia em que ele se afastou do cargo, em 5 de abril, a primeira dama puxou as palmas e estampou um orgulho que só era menor do que o de apontar os diversos projetos sociais e de saúde, como o Saúde Bucal, implantados em Anápolis.
A DEPUTADA
De todas as possíveis primeiras damas a partir de 2015, a mais política é a deputada federal Iris de Araújo.
A parlamentar chegou a concorrer ao cargo de vice-presidente, em 1993, ao lado de Orestes Quércia, ex-governador de São Paulo já falecido. Depois que o marido abandonou o cenário político nacional, Iris ocupou a pequena parcela deixada.
Não fosse Iris de Araújo, o cacique peemedebista Iris Rezende não seria candidato. Ao lado da filha, a deputada usou o direito de espernear e conseguiu peitar a ala peemedebista que estava alinhada ao empresário Friboi. Sua atuação foi tão determinante que o comando de campanha a afastou momentaneamente de Iris devido ao desgaste natural sofrido no embate político.
Aos poucos, nos últimos dias, ela tem voltado a exercer seu perfil mais carismático e crítico. Twiteira, ela costuma atirar com mais força no microblog do que no Facebook – o predileto das mulheres.
É possível que não assuma a posição de primeira-dama se o marido vencer. Quando Iris Rezende foi prefeito de Goiânia, há seis anos, ela preferiu ficar distante e seguir como deputada federal.
Vaidosa, nos últimos meses surgiu com visual diferente: deixou de pintar os cabelos e apresenta uma frondosa cabeleira alva.
Como deputada, a peemedebista tem uma trajetória apagada, sem grandes interferências no processo legislativo nacional, mas é inegável sua força regional: diga-se, é a prova de que a mulher é determinante.
É fato: Iris não seria candidato sem seu esforço.