Mulheres fazem denúncia coletiva contra médico por violência obstétrica
De 28 relatos apresentados contra médicos do DF, 13 são contra o atendimento de Shakespeare na Maternidade Brasília
O coletivo Nascer Direito pediu ao Ministério Público o indiciamento do médico Shakespeare Novaes por violência obstétrica, além dos crimes de lesão corporal culposa, homicídio e violação de direitos humanos.
De 28 relatos apresentados contra médicos do DF, 13 são contra o atendimento de Shakespeare na Maternidade Brasília. Em dois casos apresentados ao MP, o nome de Shakespeare aparece vinculado a outros hospitais.
Em outros 13 relatos, as mulheres citam outros médicos da Maternidade Brasília. Do total, 16 são sobre casos de violência obstétrica em que houve sequelas para os bebês, como paralisia cerebral, convulsões e desconforto respiratório; em 15 relatos, a mãe foi vítima, com hemorragias, edemas e infecções.
“A instituição preza pelo cuidado dos pacientes e pela melhor prática assistencial”, disse a maternidade em nota.
Outras reclamações incluem diagnósticos inadequados ou negligenciados e problemas de comunicação com Shakespeare durante o parto. Ausência de visitas e consultas pós-parto, realização de procedimentos sem autorização e negligência a pedidos de gestantes sobre parto também são mencionados.
Em nota ao UOL, Shakespeare Novaes afirma que “não tem, até o momento, conhecimento de nenhuma denúncia coletiva registrada contra a minha pessoa. Não recebi comunicado oficial de nenhum órgão, seja a nível ético ou judicial sobre as denúncias apresentadas nesta matéria.”
Na nota, o médico também afirma que “em pouco mais de duas décadas de medicina, sempre atuei de maneira ética e responsável. Não seria diferente na atual conjuntura. Importante ressaltar, também, que não há nenhuma condenação em meu nome, em qualquer das esferas ética, criminal e cível.”
Acusação de homicídio
O recém-nascido Bernardo morreu em 2021, em decorrência de um traumatismo craniano, depois de Shakespeare ter inserido uma ferramenta invasiva para tentar retirá-lo do útero da mãe. O médico se tornou réu na Justiça do DF, por homicídio culposo.
No ano seguinte, outras 13 mães também fizeram denúncias contra a conduta do profissional. As acusações são de violência obstétrica ou falta de assistência pré-natal.
O CRM-DF (Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal) abriu uma sindicância contra o profissional. O caso está em sigilo. Se confirmada conduta grave, o médico pode perder o direito ao exercício profissional.