Estupro coletivo

“Não dói o útero e sim a alma”, escreve adolescente vítima de estupro coletivo

Advogado de suspeito de ter compartilhado foto disse que pedido de prisão é descabido

Em seu perfil no Facebook, a jovem de 16 anos que foi vítima de um estupro coletivo no último sábado, no Rio de Janeiro, agradeceu as mensagens de apoio. Na mensagem publicada na rede social na quinta-feira, ela escreveu: “Realmente pensei (sic) que seria julgada mal! Mas não fui”, diz a jovem. “Não, não dói o útero e sim a alma por existirem pessoas cruéis ficando impunes!! Obrigada ao apoio.”

Desde que o caso veio à tona, as redes sociais foram inundadas de campanhas contra a violência sexual contra mulheres. Inúmeros usuários colocaram a frase “Eu luto pelo fim da cultura do estupro” eu sua imagem de perfil.

Por meio de seu advogado, um dos suspeitos de ter compartilhado a foto em que a jovem aparece afirmou que não sabia que el havia sido violentada. Ele contou ter recebido a foto num grupo de WhatsApp e, em seguida, compartilhou em sua conta no Twitter, já excluída da rede devido à repercussão.

“Ele brincou de maneira absurda. Faltou maturidade, não foi com intenção de causar vexame à garota”, disse o advogado Igor Luiz Carvalho. “A família está arrasada. Ninguém concorda com o ato dele de divulgar a foto, foi até uma monstruosidade. Mas ele não sabia que era um estupro”, afirmou.

Polícia não descansará até prender todos os envolvidos em estupro, diz Beltrame

O secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, afirmou hoje (27) que as autoridades “não vão descansar até identificar e prender” todos os envolvidos no estupro coletivo de uma jovem de 16 anos, ocorrido no último fim de semana, em Jacarepaguá, zona oeste da capital fluminense.

De acordo com o relato da jovem à polícia, ela teria sido violentada por 33 homens fortemente armados numa casa no alto do Morro São José Operário, na Praça Seca. Os homens seriam ligados ao tráfico de drogas na região.

“Estamos com duas delegacias investigando essa barbárie, para uma rápida resposta à sociedade. Esse episódio mostra como operam as punições das facções criminosas, que ainda tentam impor o silêncio às vítimas e testemunhas. Não vão conseguir. Não vamos descansar até identificar e prender todos”, disse Beltrame em comunicado publicado no Twitter da secretaria.

A Comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal do Rio de Janeiro também se manifestou contra o espisódio e cobrou “rapidez na apuração, identificação dos responsáveis e punição dos envolvidos no crime”. “Trata-se de um ato de barbárie e covardia”, afirmou em nota o presidente da comissão, Jefferson Moura (Rede).