ExpoPec

Não existe evidência de que a carne vermelha seja prejudicial, diz Drauzio Varella

Médico criticou o que chamou de "ideologias pseudocientíficas" que condenam o consumo da carne e de alimentos transgênicos

O médico oncologista Drauzio Varella foi um dos principais destaques do primeiro dia da ExpoPec 2017, nesta quinta-feira (23) em Porangatu. No evento, ele ministrou uma palestra em que desmistificou os supostos malefícios do consumo da carne vermelha para o ser humano.

Antes da palestra, porém, ele tratou do assunto em entrevista a jornalistas. “Não existe nenhuma evidência de que seja verdade que o consumo da carne seja prejudicial à saúde”, afirmou na coletiva.

Conforme o médico, a carne foi essencial para a sobrevivência da espécie humana. No entanto, na metade do século XX surgiu a noção de que seu consumo seria responsável por ataques cardíacos, derrames cerebrais e doenças cardiovasculares de forma geral. “Só que isso nunca ficou demonstrado. Então criou-se uma ideologia, de forma pseudocientífica, que convenceu parte da população”, disse.

De acordo com o oncologista, a “demonização” da carne trouxe como consequência o aumento significativo dos casos de sobrepeso. “A obesidade era coisa rara no passado. Mas depois que foi adotado esse padrão nos enchemos de doces, carboidratos, alimentos processados. O resultado é 52% da população brasileira acima do peso, enquanto nos Estados Unidos, 75%”, declarou.

Drauzio ressaltou que um estudo que demonstrasse potenciais riscos da carne seria tecnicamente impraticável, pois demandaria uma comparação entre grandes populações vegetarianas e que consomem carne, acompanhadas por ao menos 20 anos, ao custo de US$ 1 bilhão. “Quem é que vai pagar essa conta?”, questionou.

O médico defendeu que o consumo equilibrado e comedido de todo tipo de alimento — além da prática de exercícios físicos — é fundamental para a manutenção da saúde da população.

Transgênicos

O oncologista falou também sobre a polêmica envolvendo a modificação genética de plantas e animais. Para ele, trata-se de outro assunto envolto em misticismo.

“Essa questão dos transgênicos é problema para uma parte intelectualizada em outras áreas, que não entende nada de biologia”, criticou. “Os transgênicos existem há pelo menos 30 anos. Alguém descreveu alguma doença provocada por eles?”, questionou.

O especialista explicou no que consiste a transgenia e porque ela não deve ser temida. “A modificação genética nada mais é que a introdução de um gene em um animal ou planta que favoreça o objetivo que você quer: um gado mais forte, que engorda mais rápido, que produza mais leite”, exemplificou. “Isso não modifica em nada para o ser humano.”